Reunião entre Coreia do Sul e do Norte tem segunda etapa neste domingo

Os países vizinhos, que tentam aplacar as divergências, acertaram um recesso depois de mais de dez horas de discussões.

Do Mundo-Nipo com Agências

A primeira conversação de alto nível diplomático em quase um ano entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, ocorrida neste sábado (23), foi suspensa e deve ser retomada na tarde de domingo (23), anunciou o porta-voz da presidência em Seul, Min Kyung-wook.

Os países vizinhos, que tentam aliviar as tensões que os levaram ao limite de um possível confronto militar, iniciaram sua reunião no vilarejo de Panmunjom, na fronteira, às 18h30 de sábado (horário local).

O porta-voz informou que as partes acertaram na madrugada de domingo um recesso, depois de mais de dez horas de discussões, mas que retomarão a reunião às 15h00 local (03h00 no horário de Brasília), com o objetivo de “aplacar as divergências”.

“As duas partes mantiveram um diálogo aberto sobre como resolver as tensões recentes e melhorar as relações”, informou Min.

O encontro acontece na localidade de fronteira de Panmunjon, na zona desmilitarizada (DMZ, na sigla em ingês), localidade onde foi assinado o armistício de 1953 que interrompeu a “Guerra das Coreias”.

A reunião teve início após o fim do prazo dado por Pyongyang para que Seul suspendesse sua propaganda por alto-falantes na fronteira, sob pena de uma “guerra total”.

O Sul é representado pelo ministro da Unificação, Hong Young-Pyo, e o diretor da Agência Nacional de Segurança, Kim Kwan-Jin. A Coreia do Norte enviou seus militares de maior patente, Hwang Pyong-So – considerado o número dois do regime -, e o secretário do Partido dos Trabalhadores, Kim Yong-Gon, responsável pelas relações com o vizinho do Sul.

A Coreia do Sul retomou sua guerra de propaganda – uma prática que ambos haviam suspenso em 2004 – em represália a minas colocadas na fronteira que mutilaram dois soldados sul-coreanos na chamada zona desmilitarizada. A reativação dos alto-falantes na fronteira provocou a ira de Pyongyang, que nega seu envolvimento nas explosões que mutilaram os militares sul-coreanos.

Na quinta-feira, a Coreia do Sul fez dezenas de disparos de artilharia em direção à Coreia do Norte, em resposta a um ataque de Pyongyang contra os alto-falantes.

Quase todos os projéteis disparados pelos dois lados caíram em suas partes respectivas da zona desmilitarizada, que tem dois quilômetros dos dois lados da fronteira.

As tropas sul-coreanas entraram no sábado em alerta máximo diante do fim do prazo do ultimato da Coreia do Norte, que ameaçou o vizinho e rival com uma “guerra total”, caso Seul não interrompa as operações propagandísticas.

Antes do fim do ultimato, o Exército Popular Coreano (EPC) anunciou que as unidades mobilizadas na fronteira estavam em “estado de guerra”, seguindo ordens do dirigente do país, Kim Jong-un, prontas para responder caso Seul não atenda a exigência.

Neste contexto de tensão, o governo dos Estados Unidos reiterou o compromisso com a defesa da Coreia do Sul, anunciou o comandante do Estado-Maior de Washington, o general Martin Dempsey. O governo dos Estados Unidos mantêm 30.000 militares de maneira permanente na Coreia do Sul.

Esta não é a primeira vez que Kim Jong-Un faz uso da retórica bélica. Em 2013, o jovem dirigente norte-coreano já havia declarado “estado de guerra”.

Os dois países permanecem tecnicamente em guerra há 65 anos porque o confronto da península da Coreia (1950-53) acabou com um simples cessar-fogo, que nunca foi formalizado por um tratado de paz.

(Com informações da CNN e das agências AFP e Kyodo)

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