Partido governista do Japão perde eleições e maioria no Parlamento

A recente eleição no Japão não apenas afetou o partido do novo primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, mas também fortaleceu a oposição.
Shigeru Ishiba mostra descontentamento com o resultado das eleições em outubro de 2024 | ©Kyodo Images
Shigeru Ishiba mostra descontentamento com o resultado das eleições em outubro de 2024 | ©Kyodo Images

O Partido Liberal Democrática (PLD), que tem dominado a política japonesa na maior parte do período após a Segunda Guerra Mundial, sofreu uma derrota significativa nas eleições legislativas no domingo (27), perdendo a maioria das cadeiras pela primeira vez desde 2009. O partido, liderado pelo novo primeiro-ministro Shigeru Ishiba, conquistou apenas 191 cadeiras, uma diminuição de 65 em relação ao ano anterior, enquanto seu aliado Komeito elegeu 24 deputados, com uma perda de 8 cadeiras. Com essa queda, a coalizão governista agora conta com 215 deputados, abaixo dos 233 necessários para a maioria na Câmara dos Deputados, que possui 465 assentos.

Após assumir o cargo há apenas oito dias, Ishiba convocou eleições antecipadas em uma jogada arriscada que não se concretizou como esperava. “Estamos recebendo um julgamento severo”, declarou ao canal estatal NHK. O novo primeiro-ministro reconheceu que os eleitores manifestaram um desejo claro de que o PLD refletisse sobre suas ações e se alinhasse mais à vontade do povo. Essa insatisfação é alimentada por vários fatores, incluindo a inflação crescente e o escândalo de financiamento que veio à tona, os quais já haviam derrubado a popularidade do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida.

O resultado eleitoral representa um desafio significativo para Ishiba, que prometeu revitalizar as regiões rurais e abordar a “emergência silenciosa” do declínio populacional, propondo políticas voltadas para as famílias e o trabalho flexível. No entanto, sua administração teve uma efetividade limitada ao recuar em compromissos, como permitir que casais usassem sobrenomes diferentes, e ao não nomear mulheres suficientes para seu gabinete, reforçando uma percepção de falta de ação em relação às demandas sociais.

O maior sindicato do país, que se manifestou no início deste mês, exige aumentos salariais de 5% ou mais na próxima primavera, um objetivo que coincide com a meta estabelecida para o ano corrente. Em meio a isso, o PLD enfrenta acusações de que pagou 20 milhões de ienes (equivalente a R$ 750 mil) a delegações locais lideradas por dirigentes envolvidos em escândalos, provocando forte indignação nas fileiras da oposição.

Mudança no panorama político

A recente eleição não apenas afetou o PLD, mas também fortaleceu a oposição. O Partido Democrático Constitucional (PDC), sob a liderança do popular ex-primeiro-ministro Yoshihiko Noda, aumentou significativamente sua representação, passando de 98 para 148 cadeiras no Parlamento. Noda criticou as políticas do PLD, afirmando que “as medidas são destinadas a beneficiar aqueles que doam grandes quantias”, enquanto os cidadãos em situações vulneráveis têm sido ignorados.

Os analistas políticos observam que a ascensão de Noda e do PDC pode ser uma alternativa viável ao PLD, embora a oposição se mantenha fragmentada, o que dificulta a formação de um governo coeso. Noda indicou que discutirá possíveis colaborações com outros partidos em uma reunião da executiva do PDC, embora os desafios para consolidar uma coalizão estável sejam significativos.

Dependendo da magnitude da derrota do PLD, analistas alertam que essa situação pode causar pânico nos mercados financeiros, que não estão acostumados a lidar com um cenário político tão instável. Já na manhã de segunda-feira (28), o iene desvalorizou 0,6% em relação ao dólar, refletindo a ansiedade do mercado frente ao novo panorama político.

Para o PLD, a opção de convidar um terceiro partido para integrar a coalizão governista surge como uma possibilidade. Contudo, isso exigiria negociações longas e complexas. Alternativamente, o PLD poderia optar por buscar apoio no Parlamento para impulsionar novas propostas legislativas, uma abordagem que pode resultar em um governo vulnerável e instável.

Entre as forças que podem se unir ao PLD, o Partido Democrático para o Povo (PDP) e o Nippon Ishin mostram potencial. O PDP viu um aumento de 7 para 28 cadeiras, enquanto o Nippon Ishin elegeu 38 deputados, perdendo apenas 5 cadeiras. As interações e negociações entre esses partidos poderão moldar o próximo capítulo da política japonesa.

== Mundo-Nipo (MN)
Foto em Destaque: Kyodo Images

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