Japão protesta contra pedido para que imperador peça desculpas à China

A agência Xinhua disse que o imperador Akihito teria de pedir desculpas pela agressão militar japonesa durante a ocupação ao território chinês até o fim da II Guerra.

Do Mundo-Nipo

O Japão apresentou um protesto formal à China em razão do chamado feito pela agência de notícias estatal Xinhua, no qual a agência chinesa ressalta que o imperador Akihito teria de pedir desculpas pelo passado militarista japonês durante a ocupação ao território chinês, que teve início em 1936 e decorreu até o fim da Segunda Guerra Mundial.

O comentário da agência de notícias foi “significativamente descortês” com o imperador e entrou em conflito com a posição da China sobre a questão, declarou o ministro Yoshihide Suga, secretário-chefe do Gabinete e porta-voz do Governo, em entrevista coletiva na sexta-feira (28).

“É completamente desfavorável, uma vez que poderia jogar água fria sobre a relação entre o Japão e a China, que está no caminho de recuperação na sequência de duas reuniões entre os líderes”, afirmou.

“Japão protestou fortemente […] por meio dos canais diplomáticos”, acrescentou.

O chamado da agência estatal japonesa ocorre no mês em que Japão, e o mundo, celebraram os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1945, quando o país declarou sua rendição incondicional

As celebrações no Japão, no entanto, ocorreram entre críticas de seus vizinhos China e Coreia do Sul, que também protestaram contra a visita de três ministras ao polêmico santuário de Yasukuni, ligado ao passado militarista do país.

No dia 15 de agosto, cerca de sete mil pessoas compareceram à cerimônia realizada no estádio Nippon Budokan, centro de Tóquio. O evento contou com a presença do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e do casal de imperadores do Japão, Akihito e sua esposa Michiko.

Em discurso, Akihito, expressou seu profundo remorso pelo papel de seu país durante a Segunda Guerra Mundial, uma novidade, segundo a imprensa local.

No dia anterior à cerimônia, o premiê expressou seus “pêsames eternos” pelas vítimas da guerra. Mas Abe também destacou que as futuras gerações “não devem ser predestinadas” a pedir desculpas pelo passado militar de seu país.

“O Japão reiterou muitas vezes seu sentimento de remorso profundo e suas desculpas sinceras por seus atos durante a guerra”, disse o chefe de Governo, citando “a história de sofrimento dos povos da Ásia”.

Ele aproveitou para recordar que mais de 80% da população do país nasceu depois da guerra. “Não devemos permitir que nossos filhos, netos e as futuras gerações, que não têm nada a ver com a guerra, sejam predestinados a pedir desculpas”, afirmou o premiê, que tem 60 anos.

As declarações de desculpas proferidas pelo premiê e pelo imperador, no entanto, não foram suficientes para abrandar as animosidades de China e Coreia do Sul contra o Japão, principalmente depois que três ministras visitaram o polêmico santuário de Yasukuni, ligado ao passado militarista do país.

Haruko Arimura, ministra de políticas da Mulher, Sanae Takaichi, titular de Assuntos do Interior e Comunicação, e Eriko Yamatani, encarregada de Oceanos e Catástrofes, visitaram o santuário xintoísta situado no centro do Tóquio, em 15 de agosto.

No mesmo dia, os dois vizinhos protestaram contra a visita das ministras ao polêmico santuário.  “A China manifesta sua plena oposição a essa visita, que demonstra de novo a atitude errônea do Japão para com as questões históricas”, afirmou a chancelaria.

Santuário de Yasukuni
O santuário honra os 2,5 milhões de militares japoneses mortos em conflitos bélicos desde 1868. Mas, entre eles, há 14 que os aliados condenaram como criminosos de guerra após a rendição do Japão na Segunda Guerra. Por este motivo, as visitas de dirigentes políticos a este templo costumam criar polêmica na China e na Coreia do Sul, ambos ocupados pelo Japão durante a primeira metade do século XX, até o fim da guerra.

Relações históricas de Japão com países vizinhos
Sete décadas depois da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, a expansão militar japonesa entre 1910 e 1945 permanece como um ponto de discórdia nas relações com os países vizinhos, especialmente China e Coreia do Sul, que examinam de maneira minuciosa as palavras e gestos de Tóquio a cada aniversário do conflito.

A China afirma que mais de 20 milhões de cidadãos morreram na invasão japonesa. Segundo Pequim, 300.000 pessoas morreram no saque de Nankin, uma onda de massacres, estupros e destruição cometida por militares japoneses durante as seis semanas posteriores à entrada das tropas nesta cidade em 13 de dezembro de 1937, afirma o governo chinês.

(Com informações das agências AFP, Reuters e Kyodo)

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