Japão reabre as fronteiras para turistas estrangeiros

Japão também encerra hoje a exigência do certificado de elegibilidade para o visto japonês de trabalhadores estrangeiros de terceira geração (sansei).
Área turística no Bairro Asakusa, em Tóquio | Foto: Koji Sasahara/AP
©Koji Sasahara/AP

Depois de dois anos de isolamento pela pandemia da Covid-19, o Japão abriu totalmente suas fronteiras aos visitantes estrangeiros nesta terça-feira (11). Com o restabelecimento da isenção de visto para dezenas de países, encerrando um dos mais rígidos controles pandêmicos de fronteiras do mundo, o país oriental espera revigorar sua economia com um boom turístico, de acordo com a revista Veja da Abril

Com a abertura entrando em vigor, o governo também suspende o limite de entrada de 50.000 pessoas, acabando ainda com a exigência de que os turistas viagem como parte de grupos de turismo, ou seja, os estrangeiros podem agora entrar no país sozinho.

Além disso, o país encerra a exigência do certificado de elegibilidade para o visto japonês de trabalhadores estrangeiros brasileiros de terceira geração (sansei). De acordo com o anúncio do Consulado do Japão em São Paulo, os vistos protocolados na jurisdição de São Paulo, a qual engloba o Estado de São Paulo, Triangulo Mineiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, voltam a seguir regras antigas menos burocráticas para solicitação de visto.

Japão quer atrair US$ 34,5 bilhões em gastos turísticos anuais 

Segundo o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o turismo é a saída para colher alguns benefícios da queda do iene. Mesmo assim, ainda enfrenta ventos contrários, tais como a falta de trabalhadores nas áreas de hospitalidade, as preocupações persistentes com a Covid-19 e as previsões dos economistas de que o retorno dos turistas seria gradual.

“O governo pretende atrair 5 trilhões de ienes (cerca de US$ 34,5 bilhões) em gastos turísticos anuais. Essa meta pode ser muito ambiciosa para um setor que definhou durante a pandemia”, disse.

De acordo com um relatório do Nomura Research Institute, escrito pelo economista Takahide Kiuchi, os gastos de visitantes estrangeiros atingirão apenas 2,1 trilhões de ienes até 2023 e não excederão os níveis pré-Covid até 2025. Até agora, em 2022, pouco mais de meio milhão de visitantes chegaram ao Japão, em comparação com o recorde de 31,8 milhões em 2019.

“Espero que muitos estrangeiros venham ao Japão, como era antes da Covid”, afirmou Arata Sawa, proprietário da terceira geração do ryokan Sawanoya, em Tóquio, ansioso pelo retorno dos visitantes estrangeiros, que antes representavam até 90% dos hóspedes de sua tradicional pousada. 

Desde o anúncio da flexibilização da fronteira, a transportadora Japan Airlines viu suas reservas de entrada triplicarem, segundo anúncio do presidente Yuji Akasaka ao jornal Nikkei.

Por sua vez, Sawato Shindo, presidente da Amina Collection, uma cadeia de 120 lojas de presentes do país, acredita que a demanda de viagens internacionais não se recuperará totalmente até 2025. “Não acho que haverá um retorno repentino à situação pré-pandemia”, afirmou Sawato.

Falta de mão de obra

As esperanças de um retorno estrondoso do turismo também são atenuadas pela falta de trabalhadores nas áreas de hospitalidade. Segundo a empresa de pesquisa de mercado, Teikoku Databank, quase 73% dos hotéis em todo o país estavam sem funcionários regulares em agosto, acima dos 27% do ano anterior.

Akihisa Inaba, gerente geral do resort de águas termais Yokikan, em Shizuoka, no centro do Japão, disse que a falta de pessoal durante o verão significaria a renúncia das folgas dos funcionários contratados.

“Naturalmente, a escassez de mão de obra se tornará mais pronunciada quando as viagens retornarem. Então, não tenho tanta certeza de que podemos comemorar”.

Há ainda a preocupação de que os visitantes estrangeiros venham a cumprir os controles contra outras infecções comuns no Japão, principalmente o cumprimento do uso da máscara. Os rígidos controles de fronteiras foram amplamente populares durante a maior parte da pandemia, e os temores permanecem sobre o aparecimento de novas variantes do coronavírus.

Na última sexta-feira (7), o governo aprovou a alteração dos regulamentos hoteleiros para que os operadores possam recusar hóspedes que não obedeçam às medidas de controle contra o COvid-19, caso haja um novo surto.

“Desde o início da pandemia até agora, tivemos apenas alguns convidados estrangeiros”, contou Sawa. “Praticamente, todos usavam máscaras, mas não tenho certeza se as pessoas que visitarem daqui em diante farão o mesmo”, concluiu.

Uma força, no entanto, que pode impulsionar o retorno de visitantes é a queda do iene. A moeda japonesa enfraqueceu muito em relação ao dólar, dando a alguns visitantes um poder de compra muito maior e tornando o país atraente para os caçadores de pechinchas que visam os centros de eletrônicos, bens de luxo e varejo do Japão.

No distrito de eletroeletrônicos de Akihabara, em Tóquio, por exemplo, as prateleiras de Hideyuki Abe se encheram de relógios e souvenirs como espadas de samurai e gatos de brinquedo com cabeças que balançam.

Abe, que empregava cerca de 50 pessoas, teve que demitir após o início da pandemia em 2020, agora, a preocupação é outra.

“Estou um pouco apreensivo com a falta de trabalhadores”, disse. Mas sem as restrições da pandemia e o dólar valendo cerca de 145 ienes, ele acredita que os turistas estarão de volta. “É uma oportunidade perfeita”, finalizou.

== Mundo-Nipo (MN)

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