Do Mundo-Nipo
Todos sabemos que o abraço é muito comum no ocidente, uma ação que indica grande amizade. No Japão, entretanto, as pessoas raramente se abraçam, e foi pensando em incentivar esta ação entre os japoneses é que um grupo de brasileiros levou para o centro de Nagoya, na província de Aichi, a campanha Free Hugs (abraço grátis) na tarde fria deste sábado (horário local). Os participantes permaneceram num trecho do Central Park segurando cartazes escritos “Free Hugs”, onde aguardavam a iniciativa dos pedestres em concretizar o abraço que eles ofereciam, informou neste sábado (21) a revista online ‘Alternativa’.
A iniciativa começou com Vitor Matsunaga, de 32 anos, residente em Inazawa, na província de Aichi, e mais alguns amigos que fazem parte da comunidade brasileira no Japão. O brasileiro disse que poucos participaram do início da campanha criada a pouco mais de quatro anos. Mas, com o tempo, o número de participantes foi aumentando, chegando a reunir quase 50 pessoas em uma das últimas edições do Free Hugs.
“Para mim, gentileza gera gentileza. Mesmo que os japoneses não parem para abraçar, mesmo assim recebem um sorriso que pode fazer a diferença no dia deles”, disse Matsunaga à Alternativa.
Segundo a revista, Ketory Oki, de 27 anos e residente em Iga, na província de Mie, é outra grande incentivadora do Free Hugs. Ela disse que a campanha vem sendo realizada há quatro anos e destacou que há pequenas regras a serem cumpridas pelos participantes: “Cada um segura o cartaz indicando que está dando abraços grátis. Pode até abrir os braços e se aproximar, mas a iniciativa do abraço tem que partir da pessoa”, explicou Oki.
Os organizadores disseram que a campanha tem gerado significativa repercussão. O evento deste sábado contou com a participação de pessoas residentes em regiões distantes, diz a publicação da Alternativa, que destacou Fábio Ueda, de 36 anos e residente em Kashihara, na província de Nara. Ele participou de outras edições do Free Hugs na época em que residia em Ogaki, na província de Gifu. Hoje, morando em Nara, o brasileiro não se intimidou com a distância que teria que percorrer – uma viagem de duas horas de carro. “Gosto de motivar as pessoas. Assim eu melhoro também. Só participando mesmo para sentir como é o Free Hugs”, disse ele à Alternativa.
Já Adriano Tadato Matsuo, de 31 anos, saiu de Iwata, na província de Shizuoka, para distribuir abraços em Nagoya. O brasileiro disse que no evento do ano passado, em Tóquio, pode ver dois japoneses se abraçando. “Eu os abracei também e participei junto com eles. Acredito que essa campanha possa ajudar aos japoneses a se abrirem mais”, afirmou.
Sidney Minoru Tamagusku, de 50 anos, residente em Okazaki, na província de Aichi, contou à Alternativa que teve a oportunidade de participar de uma cena envolvendo uma família de japoneses. Tama, como é conhecido, disse que como usa uns acessórios de palhaço, atraiu a atenção de uma criança, a qual veio abraçá-lo. O pai, ainda que receoso, também lhe deu um abraço. A mãe da criança, no entanto, ficou momentaneamente sem ação, mas não resistiu e também acabou por dar um abraço. “Ela perguntou por que eu fazia aquilo e falei para ela que era o “Free Hugs”. Ela então comentou que isso era coisa de estrangeiro. Daí eu perguntei o motivo dela ter me abraçado. Depois de ficar um pouco pensativa, comentei que não era uma coisa de japonês ou de brasileiro, mas de cidadãos do mundo”, relatou.
Muitas outras experiências interessantes foram relatadas pelos participantes à revista Alternativa, como a que ocorreu com Eli Ivanski, de 47 anos e residente em Kakamigahara, na província de Aichi. A brasileira disse que exibia o cartaz até para os motoristas que passavam por uma avenida movimentada de Nagoya. “De repente um motorista aproveitou o sinal vermelho, saiu do carro, veio correndo me dar um abraço, agradeceu e voltou correndo para o carro. Para mim valeu o dia, pois estava até nevando”, disse ela.
Todos os participantes entrevistados mostraram-se extremamente satisfeito com o resultado da campanha deste ano. E esperam que, futuramente, o evento possa também contar com a participação não só de brasileiros, mas também de “muitos japoneses”.
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