Um ex-funcionário de alto escalão do governo japonês, de 92 anos, que foi condenado a cinco anos de prisão por causar um acidente fatal de carro em 2019, em Tóquio, foi condenado na sexta-feira (27) a pagar cerca de 140 milhões de ienes (equivalente a 932 mil dólares no câmbio atual) a familiares enlutados do acidente que gerou um debate sobre permitir, ou não, que motoristas idosos continuem a dirigir até determinada idade, uma vez que o Japão, país detentor de uma das populações mais velhas do mundo, registra constantemente acidentes de trânsito envolvendo idosos no volante.
O Tribunal Distrital de Tóquio decidiu que Kozo Iizuka, ex-chefe da agora extinta Agência de Ciência e Tecnologia Industrial, chamada atualmente de Ministério da Economia, Comércio e Indústria demonstrou “negligência unilateral e significativa” no acidente ao continuar a pressionar o pedal do acelerador.
Além disso, o réu “nem sequer tentou apresentar um pedido de desculpas [aos familiares das vítimas fatais] e continuou com argumentos irracionais até que a decisão do processo criminal fosse proferida”, disse o Juiz Presidente Kaoru Hirayama.
De acordo com a decisão final, Iizuka ultrapassou o sinal vermelho depois de confundir o pedal do acelerador com o freio, atropelando e matando Mana Matsunaga, de 31 anos, e sua filha Riko, de 3 anos, enquanto elas andavam de bicicleta em uma faixa de pedestres na área de Ikebukuro, em Tóquio, no dia 19 de abril de 2019. Outras nove pessoas ficaram feridas no incidente.
Quanto peso seria dado à gravidade do acidente e à negligência de Iizuka na determinação do valor da indenização foi o ponto de discórdia no caso.
Nove demandantes, incluindo Takuya Matsunaga, de 37 anos, que perdeu a esposa e a filha no acidente, pediram cerca de 170 milhões de ienes em indenização total.
O tribunal concedeu indenização a Matsunaga, a seus pais e ao pai de sua falecida esposa.
“Quero dizer (à minha esposa e à minha filha) que a luta acabou”, disse Matsunaga aos repórteres após a decisão do Tribunal.
Matsunaga e outros membros da família argumentaram que o réu, Iizuka, que tinha 87 anos na época do acidente, “superestimou significativamente suas habilidades de direção” ao não entregar sua carteira de motorista.
O caso de grande repercussão suscitou o debate sobre a prevenção de acidentes envolvendo condutores idosos e levou muitos condutores em idade avançada a desistirem das suas carteiras de habilitação.
A ação civil foi movida em outubro de 2020. A pena de prisão de cinco anos de Iizuka foi finalizada em setembro de 2021, e ele foi encarcerado na Casa de Detenção de Tóquio no mês seguinte.
== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo News JP
Foto: Yomiuri
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