Japão registra em 2017 sua pior taxa de natalidade desde 1899

Japão sofreu descenso na taxa de natalidade pelo 6º ano seguido, com a população registrando queda superior a 1,2 milhão em 5 anos.
Pessoas nas ruas de Toquio Foto AJW Images 900x600 atualizado 28 03 2016
©Asahi Photos

O número de crianças nascidas no Japão no decorrer do ano de 2017 sofreu descenso pelo sexto ano consecutivo e caiu ao pior nível desde que o país iniciou tais estatísticas, em 1899, informou o governo japonês em um relatório divulgado esta semana, ressaltando o tétrico descenso de uma população cada vez mais envelhecida.

Realizado a partir de dados demográficos do Japão, o relatório do Ministério da Saúde prevê o nascimento de apenas 944 mil crianças até o fim deste ano, ou seja, até 31 de dezembro, informa a agência de notícias Kyodo.

A leitura representa uma redução de 37 mil na comparação com o número apurado em 2016, ano em que o país registrou 981 mil nascimentos, o que marcou a primeira vez em que o número ficou abaixo da marca de milhão desde que dados comparáveis tornaram-se disponíveis, em 1899.

De acordo com a agência RFI, o Japão tem a segunda taxa de natalidade mais baixa no mundo, ficando atrás apenas da Coreia do Sul, que registra 1,4 filho por mulher.

Segundo uma pesquisa da universidade de Tohoku, o Japão tem menos uma criança a cada 100 segundos e, se o ritmo de descenso continuar, o país não terá nenhuma em 3011.

Ainda de acordo com a ‘RFI’, o número de mortes no país vem superando o de nascimentos desde 2008. Somente este ano, o Japão perdeu o equivalente a uma cidade média, ou seja, cerca de 400 mil habitantes morreram em 2017.

Creches e robôs

Para lutar contra a queda de natalidade, o governo do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou a criação de um serviço de creche exclusivo para famílias de baixa renda. A cidade de Tóquio também deve assegurar a gratuidade da educação dessas mesmas crianças até a universidade.

Apesar das estatísticas impressionantes, Abe se mantém otimista quanto à escassez de mão de obra no país, avaliando que a queda da taxa de natalidade e a diminuição da população podem ser solucionadas com “robôs”. De acordo com a RFI, o líder japonês diz “confiar na robótica e na inteligência artificial para reforçar a produtividade do país”.

Conservador, Abe nem menciona a possibilidade de abrir as fronteiras – de forma mais ampla – aos estrangeiros para solucionar o problema.

Desinteresse dos japoneses pelo sexo

De acordo com o levantamento do National Institute of Population and Social Security Research (IPSS), principal órgão japonês de investigação nacional, quase metade dos adultos japoneses com até 34 anos de idade nunca teve relações sexuais, enquanto a maioria das pessoas solteiras se encontra sem um par amoroso, ou seja, não namora.

No Japão, país onde a população sofreu descenso superior a 1,2 milhão nos últimos cinco anos, cerca de 42% dos homens e 44% das mulheres com idade entre 18 e 34 anos ainda não tiveram experiência sexual.

A tendência é improvável que mude em um futuro próximo, em vista de que 90% dos entrevistados no levantamento do IPSS afirmaram não ter pressa de contrair matrimônio.

O órgão observou ainda que a demografia do país enfrenta desafios com o aumento das mulheres solteiras na faixa etária dos 20 anos, idade em que as mulheres são mais férteis.

== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo News.


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