A Agência de Exploração Espacial Japonesa (Jaxa, na sigla em inglês) encerrou as operações para reaver o satélite astronômico Astro-H, conhecido também como Hitomi (olho, em japonês), cujo contato foi perdido em março, pouco mais de um mês após seu lançamento.
O dispositivo, fabricado pela Jaxa e pela Nasa junto com outras instituições, teve um custo de US$ 300 milhões e seu objetivo era orbitar a cerca de 580 quilômetros de distância da Terra para observar buracos negros e galáxias distantes – através de seus detectores de raios gama e quatro telescópios de raios-X.
O satélite foi lançado em 17 de fevereiro, a bordo de foguete japonês H-2A, a partir da estação espacial da ilha de Tanegashima, na província de Kagoshima, sudoeste do Japão.
Com cerca de 14 metros de comprimento e pesando 2,7 toneladas, o Astro-H era o satélite mais pesado já lançado pelo Japão e o primeiro do tipo já construído no mundo.
A agência reconheceu em 28 de março que havia perdido contato com o satélite, e que não era capaz de precisar a situação do equipamento, já que a comunicação com ele falhou desde o início de suas operações – que estavam programadas para o dia 26 de março.
Contudo, na última quinta-feira, a agência informou que dois painéis solares do satélite foram separados do restante dele, o que tornou impossível restabelecer suas funções. “Mediante a isso, os esforços para recuperar o Hitomi serão interrompidos”, disse a Jaxa, acrescentando que o foco das investigações futuras será a análise das causas que levaram à perda do satélite.
O Hitomi foi desenvolvido para estudar fenômenos de alta energia, como clusters galácticos e buracos negros. Para isso, ele dispunha de um calorímetro de raios X de altíssima precisão, que foi desenvolvido ao longo de três décadas e três iterações.
De acordo com a revista Nature, a perda do Hitomi pode ser atribuída a um erro de engenharia que deu início a uma série de problemas. O sistema de orientação do satélite, responsável por mantê-lo virado na direção correta, sofria interferência ao passar sobre uma região da América do Sul conhecida por emitir níveis elevados de radiação (chamada de Anomalia do Atlântico Sul).
A falha no sistema de orientação levou o satélite a utilizar outro sistema no momento de realizar uma rotação pré-programada: um conjunto de giroscópios. No entanto, os giroscópios também estavam funcionando de maneira errada, o que fez com que o Hitomi girasse na direção contrária.
O satélite ainda tentou corrigir a rotação, mas como seus sistemas de orientação estavam com problemas, ela girou cada vez mais rápido até perder o controle. A velocidade da rotação fez com que os painéis solares se quebrassem, o que levou ao desprendimento do equipamento. Esses fragmentos ficaram, inclusive, orbitando no espaço, tornando impossível a restauração dos mesmos.
A agência espacial japonesa comunicou “o mais profundo pesar” pela perda do Hitomi e desculpou-se com todos os seus parceiros internacionais, bem como a todos os pesquisadores que pretendiam usar o que seriam “dados inéditos” coletados pelo satélite em seus estudos.
Sua perda é amplamente lamentada no mundo da astrofísica, em vista que o satélite poderia trazer respostas inéditas às questões fundamentais do Universo como, por exemplo, as leis da física em condições extremas, a formação das galáxias e dos buracos negros, bem como a criação do próprio Universo.
Fontes: NHK News | Olhar Digital | Agência EFE.
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