Uma pequena cápsula da sonda espacial Hayabusa2 contendo esperançosas amostras de solo de um asteroide distante chegou ao Japão nesta terça-feira (8), onde será motivo de extensas pesquisas que buscam as origens da vida e a evolução do sistema solar, informou hoje a Kyodo News.
Dois dias depois de ser recuperada no deserto australiano, onde a sonda caiu vinda do espaço, a cápsula, cuidadosamente armazenada em um contêiner de metal, foi transportada de caminhão para o Campus de Sagamihara, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA, na sigla em inglês), na província de Kanagawa, do aeroporto de Haneda, em Tóquio, onde um avião fretado que a transportava pousou na manhã de terça-feira, hora local (noite de segunda-feira em Brasília).
“As amostras estão agora em um ambiente seguro”, disse o vice-presidente da JAXA, Hitoshi Kuninaka, em uma coletiva de imprensa depois que a cápsula foi levada para a instalação às 11h27, com uma multidão de pesquisadores entusiasmados e residentes locais dando boas-vindas à sua chegada no portão.
“Gostaríamos de realizar uma análise completa”, disse Kuninaka. Embora a missão de seis anos tenha transcorrido sem problemas, ele revelou que a agência havia considerado mudar a data para recuperar a cápsula devido à pandemia do coronavírus.
“Mas tomamos a decisão de mostrar ao mundo que estávamos prontos para recuperar (a cápsula) a qualquer custo”, disse ele.
Um contêiner selado dentro da cápsula, que se acredita conter amostras do asteroide Ryugu, localizado a cerca de 300 milhões de quilômetros da Terra, também permitirá que os gases presos sejam analisados.
Já na próxima semana, a JAXA abrirá a cápsula em um ambiente de vácuo, localizado em uma instalação especial para evitar qualquer contaminação potencial e confirmar se ele realmente trouxe de volta amostras do asteroide.
Como a JAXA já sabe que o asteroide é preto, a agência disse que se as amostras forem da mesma cor, é certeza de que pertencem ao Ryugu.
“A nova ciência começará a partir daqui”, disse Yuichi Tsuda, gerente do projeto Hayabusa2, na coletiva de imprensa.
“O que estava em outro mundo está agora diante de nossos olhos. É como um sonho”, disse Tsuda a repórteres quando a cápsula chegou às instalações da agência, acrescentando que Hayabusa2 “trabalhou muito duro”, referindo-se à sonda espacial, que agora segue para outro asteroide em uma nova missão. A previsão é de que chegue lá em 11 anos.
Usando um microscópio de luz, a JAXA planeja passar cerca de seis meses examinando o volume, a cor e outras características das amostras.
Chegada á Terra
A cápsula, liberada da sonda espacial na tarde de sábado, pousou em um deserto perto da Área Proibida de Woomera, uma remota instalação aeroespacial civil e militar australiana.
Amostras de gás que se acredita serem do asteróide foram coletadas em uma análise preliminar conduzida na segunda-feira na Austrália, mas o gerente da missão Hayabusa2, Makoto Yoshikawa, disse que a JAXA ainda não pode determinar se são de Ryugu.
A missão
Um foguete carregando Hayabusa2 foi lançado do Centro Espacial Tanegashima do Japão em dezembro de 2014 para procurar pistas sobre a formação do sistema solar e a origem da vida.
Acredita-se que a rocha subsuperficial do asteroide Ryugu, não afetada por explosões solares, tenha permanecido no mesmo estado desde que o sistema solar foi formado há 4,6 bilhões de anos.
A sonda chegou a Ryugu em junho de 2018 antes de tocá-la duas vezes no ano seguinte. Ele aparentemente conseguiu coletar as primeiras amostras de subsuperfície de asteroide depois de criar uma cratera artificial ao atirar um projétil de cobre no asteroide, de acordo com a JAXA.
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Juntamente com a chegada do homem à Lua, toda a missão envolvendo o asteroide Ryugu é considerada a mais importante da história espacial.
Mundo-Nipo (MN)
Fonte principal: Kyodo News.
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