Uma equipe internacional de cientistas, incluindo astrônomos do Japão, anunciou que conseguiu rastrear pela primeira vez a fonte de uma “explosão rápida de ondas rádio” que, segundo a equipe, teve origem em uma galáxia situada a cerca de 6 bilhões de anos-luz de distância.
Rápidas emissões de ondas de rádio duram cerca de um milésimo de segundo. A sua causa e onde se originam tem sido um mistério pelos 9 anos desde que foram descobertas, conforme noticiou a emissora pública japonesa ‘NHK’.
A causa desse grande flash, apenas o 17º detectado na história, ainda é um mistério, mas descobrir a galáxia de origem é um momento-chave no estudo desses fenômenos. É esperado que a descoberta esclareça como as estrelas se fundem, bem como outros fenômenos que ocorrem no Universo.
Os resultados do trabalho foram publicados na revista especializada Nature, na qual a equipe também informa que conseguiu medir a quantidade de matéria que entrou no caminho dessas ondas – fazendo, desta maneira, uma espécie de “pesagem do Universo”, de acordo com informações da BBC News.
A equipe utilizou o telescópio Subaru, no Havaí, que é gerenciado pelo Observatório Astronômico do Japão, para estudar o grande flash detectado no ano passado por um telescópio na Austrália.
Explosões rápidas de rádio (FRBs, na sigla em inglês) duram apenas milissegundos, mas lançam tanta energia no espaço – na forma de ondas de rádio – quanto o nosso Sol emite em dias ou até semanas.
Para rastrear a origem desse sinal específico, a equipe internacional fez um trabalho ágil de detetive usando múltiplos telescópios, principalmente o Subaru, que conseguiu captar uma imagem em luz visível da galáxia onde ocorreu a rápida explosão de rádio.
Com isso, foi descoberto que as emissões tiveram origem em uma galáxia na direção da constelação Cão Maior, a cerca de 6 bilhões de anos-luz da Terra. Trata-se da primeira vez em que explosão de ondas rádio tem sua origem determinada com precisão.
Os pesquisadores dizem que o flash pode ter sido causado pela fusão de estrelas. Contudo, uma análise detalhada dos dados do super telescópio Subaru revelou que a galáxia era elíptica – um agrupamento não-esférico de estrelas relativamente antigas, longe de seu auge, em termos galácticos.
“Isso não é o que esperávamos”, afirmou o coautor do estudo Simon Johnston, chefe de astrofísica do órgão que opera os telescópios na Austrália, segundo a ‘BBC News’.
Se a galáxia de origem é velha, então é mais provável que a explosão tenha sido causada por uma fusão de estrelas mortas do que, por exemplo, pelo brilho de uma supernova, corpo celeste normalmente originado da explosão de uma estrela de alta massa.
“Pode significar que a FRB pode resultar da colisão de duas estrelas de nêutrons, mais do que algo que tenha a ver com o nascimento de estrelas”, disse Johnston, para quem a descoberta apenas “abre o caminho” da pesquisa sobre a causa dessas explosões, conforme noticiou a ‘BBC News’.
Entretanto, o professor Tomonori Totani, da Universidade de Tóquio e um dos membros da equipe que realizou o estudo, disse que, “se conseguirem identificar a origem de cada sinal vindo do espaço, isso contribuiria para que astrônomos entendam melhor como as galáxias, bem como o Universo, se formaram”, afirmou Totani durante apresentação do estudo, de acordo com um vídeo divulgado pela ‘NHK’.
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