O Frontier, um supercomputador construído pela Oak Ridge National Laboratory, dos EUA, conseguiu a façanha de destronar o potente Fugaku, desenvolvido pelo Instituto Riken e pela Fujitsu, do Japão, como o dispositivo mais rápido do mundo, de acordo com um ranking bimestral publicado nesta segunda-feira, encerrando o reinado de dois anos da máquina japonesa, informou hoje o site Nikkei Asia.
Com os EUA e a China avançando em desempenho computacional, o governo japonês anunciou que vai iniciar um estudo em larga escala para construir um sucessor para Fugaku, que ficou em segundo lugar.
No top500, publicado semestralmente por uma conferência internacional de especialistas em computação, a Frontier saiu no topo, com 1,1 quintilhão de ciclos por segundo. Isso coloca a Frontier na “exa-class”, o que significa que é capaz de fazer mais do que um quintilhão (um 1 seguido por 18 zeros) cálculos por segundo. Isso é mais que o dobro da velocidade do supercomputador Fugaku do Japão (442 ciclos de quatrilhão por segundo), que manteve o primeiro lugar nas últimas quatro pesquisas, a partir de junho de 2020.
Os EUA têm trabalhado em um plano para construir vários supercomputadores exa-classe, o primeiro deles é a Frontier. Estima-se que o plano custe mais de US$ 5 bilhões. A Frontier é operada pela Oak Ridge Leadership Computing Facility. Seu processador foi desenvolvido pela Advanced Micro Devices (AMD).
A China havia desenvolvido os sucessores de Tianhe-2 e Sunway TaihuLight, que anteriormente ostentavam o melhor desempenho do mundo, e eles parecem já ter ultrapassado Fugaku. Acredita-se que eles não apareceram no ranking mais recente porque nenhum aplicativo foi arquivado para evitar revelar os detalhes da tecnologia dos computadores chineses.
“Eles podem ter desejado evitar provocar os EUA”, disse um funcionário do governo japonês.
Supercomputadores poderosos podem realizar simulações de alta velocidade que podem tomar o lugar de experimentos do mundo real. As máquinas também são usadas em uma ampla gama de indústrias, incluindo automóveis, materiais e produtos farmacêuticos. Eles também têm aplicações importantes na defesa, como pesquisas sobre armas avançadas. A Hyperion Research prevê que o mercado de computadores de alto desempenho, incluindo supercomputadores, crescerá em média cerca de 8% ao ano, atingindo US$ 40 bilhões até 2025.
Supercomputadores estão vendo uso crescente no desenvolvimento de inteligência artificial (IA), que lida com grandes quantidades de dados. Empresas de tecnologia dos EUA como Google e Microsoft construíram seus próprios “supercomputadores de IA” de alto desempenho, e em maio a NEC, do Japão, anunciou que desenvolveria seu próprio supercomputador em larga escala para pesquisa em IA.
A concorrência para desenvolver supercomputadores está aquecendo entre empresas e países, destacou o Nikkei em sua publicação.
A questão para o Japão é como desenvolver uma estratégia “pós-Fugaku”. O desenvolvimento de um supercomputador em larga escala requer investimentos na faixa de 100 bilhões de ienes (US$ 787,5 milhões).
O Japão, com suas finanças públicas deteriorando, está lutando para acompanhar o ritmo com os EUA e a China na corrida para construir os supercomputadores mais velozes do mundo. No entanto, admitir a seus concorrentes poderia prejudicar a capacidade tecnológica do Japão, potencialmente ameaçando sua segurança econômica, particularmente em meio à tensão entre os EUA e a China, e as consequências sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Na segurança econômica, o Japão não pretende ser o topo [em termos de velocidades de cálculo]”, disse o professor Kazuto Suzuki, da Universidade de Tóquio. “É mais importante construir um sistema que possa utilizar supercomputadores sem depender de outros países”, disse.
Usando Fugaku, DMG Mori Seiki foi capaz de prever em 10 minutos os resultados do processamento de materiais que de outra forma levariam 8 horas com uma ferramenta de máquina. Será fundamental expandir essas iniciativas para toda a indústria, conforme noticiou o Nikkei.
Mais eficiente em duas categorias
Apesar de perder o título de mais veloz do mundo, Fugaku manteve o primeiro lugar em duas categorias: desempenho em métodos computacionais, como simulações, e análise de big data, segundo o site NHK News, da emissora estatal NHK.
Matsuoka Satoshi, diretor do RIKEN, disse que o Fugaku manteve sua posição como “um dos principais supercomputadores do mundo” em meio a rápidos avanços tecnológicos globais e intensificação da concorrência.
Ele acrescentou que “os pesquisadores continuarão a usar o Fugaku para resolver muitos outros problemas enfrentados pela sociedade”.
Ainda de acordo com a NHK, os pesquisadores japoneses usaram o Fugaku para estudar a propagação de gotículas para medidas de coronavírus, bem como para prever chuvas localizadas e outros eventos climáticos.
==Mundo-Nipo (MN)
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