O longa de animação “O menino e o mundo”, do diretor Alê Abreu, faturou neste domingo (7) o prêmio de melhor filme estrangeiro no Annie Awards, que é considerado o “Oscar da animação”, ou seja, o mais importante do gênero.
“Divertida Mente”, da Disney/Pixar, foi o grande vencedor do evento, levou dez prêmios, incluindo o de melhor filme, direção e roteiro. A cerimônia aconteceu no teatro Royce Hall, em Los Angeles.
Na corrida pelo Oscar, a megaprodução norte-americana, que custou cerca de US$ 170 milhões, é o principal rival do filme brasileiro, de apenas US$ 2 milhões.
Com poucos recursos, a produtora Filmes de Papel, de Alê Abreu, lançou na semana passada uma campanha de financiamento coletivo para promover “O menino e o mundo”. A ideia é fazer com que o filme tenha mais chances de ganhar a estatueta de melhor animação no Oscar 2016.
“O menino e o mundo” concorre com “Anomalisa”, “Divertida mente”, “Shaun, o carneiro” e “Quando estou com Marnie”. Esta é a primeira vez que uma produção brasileira é indicada na categoria de animação.
A produção do desenho quer R$ 100 mil para promover o longa internacionalmente. O dinheiro dos fãs é para investir em envio de DVDs e sessões especiais nos Estados Unidos.
A cerimônia de entrega das estatuetas da 88º edição do Oscar acontece no dia 28 de fevereiro.
Veja abaixo as considerações do portal especializado ‘Adoro Cinema’ sobre “O menino e o mundo”
Os traços desta animação brasileira sugerem a ingenuidade, a infantilidade. O personagem principal é desenhado com um rabisco simples, em 2D, sobre espaços brancos remetendo a folhas de papel. A evolução do cinema animado tem sido cada vez mais associada ao desenvolvimento tecnológico, de modo que assistir a O Menino e o Mundo provoca uma surpresa. Enquanto as grandes produções buscam os traços realistas (como o cabelo ultra natural do príncipe de Shrek, ou a grande expressividade do robô Wall-E) para compor mundos mágicos, este filme faz o caminho inverso: usa traços que beiram o surreal para falar de um Brasil bastante palpável e contemporâneo.
História
A história, sabiamente contada sem palavra alguma (algo que pode facilitar a exportação do filme), mostra uma criança pobre cujo pai abandona a família para ir trabalhar em algum lugar distante. O cenário familiar é rural, mas o mundo para onde partem os adultos é o da cidade grande. Estes ambientes – personagens centrais à trama – ganham uma caracterização expressiva e inteligente: enquanto o campo é simbolizado por pequenos traços coloridos (referente à grama, à felicidade), a cidade é uma mistura cinzenta de pesadelo futurista (com favelas em formas de cones) e pastiche do capitalismo (outdoors, televisores por todos os lados). O trem que atravessa a fazenda nada mais é do que um monstro gigantesco, como uma serpente, que engole os adultos e depois desaparece no espaço branco, sem devolvê-los mais.
“O Menino e O Mundo” também impressiona pela mistura de técnicas, incluindo colagens, carros feitos por computador (representando a desigualdade social) e mesmo imagens em estilo documentário, de árvores sendo cortadas em florestas. Junto da trilha sonora de cunho social, composta pelo rapper Emicida, fica evidente a notável ambição deste filme de entreter ao mesmo tempo em que estabelece uma mensagem muito clara sobre a sociedade atual.
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