Icônico mangá ‘Lobo Solitário’ é o melhor do HQ no Brasil

A primeira edição da saga do samurai Itto Ogami foi republicada no Brasil em dezembro de 2016.
Primeira edicao de Lobo Solitario Panini 2016
Capa da primeira edição de Lobo Solitário lançado em dezembro de 2016 (Foto: Reprodução/Panini)

No momento em que as bancas brasileiras amargam uma das piores safras criativas das HQs de super-herói, tanto no mundo DC quanto no Marvel, a decisão da Panini Comics em trazer de volta o mangá icônico “Lobo Solitário” representa mais do que exercício de nostalgia “quadrinística”.

Trata-se de uma revisão estética da narrativa épica nas artes gráficas do clássico que trouxe de volta as andanças do samurai Itto Ogami pelas veredas da vingança. “Lobo Solitário” é considerado por muitos críticos como a obra máxima dos mangás (quadrinhos japoneses).

Republicado no Brasil em dezembro do ano passado, nos mesmos moldes da edição de Vagabond da Panini, a saga do ronin Ogami, ex-executor do Xogum e que carrega seu filho Daigoro numa jornada para se vingar do clã Yagyu que matou sua mulher, já foi contada no Brasil pela Panini entre 2004 e 2007, em 28 volumes.

Segundo o jornalista Rodrigo Fonseca, do jornal ‘Estadão’, “Lobo Solitário” é, de longe, o melhor do HQ no Brasil na atualidade.

Rodrigo afirma que Levi Trindade, editor-chefe da Panini, merecia um HQ Mix (o Oscar dos gibis nacionais) pela qualidade da republicação do mangá com texto do octogenário Kazuo Koike e desenho de Goseki Kojima (1928-2000), lançado no Japão em 28 volumes, de setembro de 1970 a abril de 1976.

Com isso, já se passaram 40 anos desde o encerramento da trama que ganhou fama global pelas vias do audiovisual a partir de uma série de filmes, iniciada em 1972, estrelada por Tomisaburo Wakayama (1929-1992), destaca Rodrigo em sua matéria publicada na semana passada.

No início dos anos 2000, Darren Aronofsky, diretor de “Cisne Negro” (2010), tentou adaptar a cruzada revanchista de Ogami e de seu filho Daigoro para as telonas, mas o projeto não foi adiante.

Para o diretor, o fascínio exercido pelo personagem vem de sua obsessão incontornável pela errância, motivada pela traição de que foi vítima após anos de serviço ao governo, no posto de executor.

Além dessa dimensão trágica, Aronofsky e demais fãs de o “Lobo Solitário” são atraídos pela narrativa de dimensões cinematográficas de Kojima, capaz de evocar o melhor dos longas-metragens de Akira Kurosawa (1910-1998).

O jornalista do ‘Estadão’ conta que na última Comic-Com Experience (CCXP), o mestre Frank Miller, autor de “Ronin” e de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, teceu loas ao clássico japonês em entrevista ao ‘P de Pop’.

“Quando as histórias de Itto Ogami caíram em minhas mãos, tive uma experiência sensorial como nunca havia provado antes, que me abriu uma nova perspectiva para a representação das cenas de ação”, elogiou Miller.

“Naquele quadrinho, não apenas uma nova cultura se abria diante de mim, naquele mergulho na história do Japão, como uma nova forma de narrar apresentou-se para mim”.

*A matéria original redigida por Rodrigo Fonseca pode ser conferida no Blog P de Pop do Jornal ‘Estadão’.

Republicação de Lobo Solitário
As novas edições são baseadas na série original, com capas de Goseki Kojima e outros grandes ilustradores como Frank Miller.

A primeira edição foi republicada pela Panini Comics em dezembro de 2016 pelo valor de 18,90 reais. A coleção tem um total de 28 títulos, que serão lançados a cada dois meses pela editora.

O livro acompanha a trama de vingança orquestrada pelo protagonista Itto Ogami e seu filho de três anos, Daigoro, contra o poderoso e influente clã Yagyu, que colaborou para a ruína do clã Ogami.

Vale avisar que o mangá é recomendado para maiores de 18 anos, por conter diversas cenas com nudez, sexo (inclusive estupro) e violência.

A obra é tida como um retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Xogunato, também conhecido como Período Edo (1603-1868). Lobo Solitário se tornou referência mundial às artes visuais como o cinema, por sua beleza plástica simples e crua, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática.

 


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