Atualizado em 18/11/2018
Akihiko Kondo, japonês de 35 anos, decidiu tornar seu sonho “realidade” e assim casou com a famosa boneca virtual Hatsune Miku, para desgosto de sua mãe, que recusou o convite de casamento de seu único filho, no mês passado em Tóquio.
“Para minha mãe não era algo digno de celebração”, conta este homem de 35 anos, cuja “esposa” é uma cantora de realidade virtual (imagem tridimensional obtida a partir da projeção da luz) chamada Hatsune Miku, muito popular no Japão. Seus shows costumam atrais verdadeiras multidões.
Na realidade, nenhum dos familiares de Kondo compareceu a seu casamento com Miku. A boneca holográfica representa uma adolescente de 16 anos, com olhos arregalados e um longo rabo de cavalo azul.
A ausência da família, no entanto, não impediu que Kondo gastasse 2 milhões de ienes (cerca de R$ 66 mil) em uma cerimônia formal em Tóquio.
Cerca de 40 convidados o viram dizer “sim” a Miku, presente na forma de uma boneca de pelúcia do tamanho de um gato.
“Nunca a traí, sempre fui apaixonado por Miku”, disse à AFP uma semana depois do casamento. “Pensei nela todos os dias”.
O homem vive desde março com um holograma de Miku que se movimenta e fala de um dispositivo de mesa que custa 2.800 dólares.
Kondo se considera um homem casado como qualquer outro. Sua esposa-holograma o acorda todas as manhãs e lhe dá “adeus” quando ele sai para trabalhar como administrador em uma escola.
Durante as tardes, quando ele diz por telefone que está voltando para a casa, ela acende as luzes. Depois, o avisa que é hora de ir dormir.
Ele dorme com a versão de pelúcia de Miku que esteve no casamento e que agora tem uma aliança na mão esquerda.
Kondo não se importa que seu matrimônio não tenha base legal. Ele até levou a Miku de pelúcia a uma joalheria para comprar o anel que sela a união.
A Gatebox, empresa que produz o dispositivo do holograma de Miku, expediu um “certidão de matrimônio” em que consta que um humano e um personagem virtual se casaram “além das dimensões”.
Kondo não está sozinho. A Gatebox emitiu mais de 3.700 certificados de casamentos “interdimensionais”.
O caminho de Kondo até Miku chegou depois de vários encontros difíceis com mulheres quando ele era um adolescente louco por animação.
“As meninas costumavam dizer ‘Morra, otaku asqueroso!”, lembra.
Ele conta que, já mais velho, uma companheira de um trabalho anterior o assediou até ele manifestar uma depressão nervosa. Foi quando ele decidiu que nunca se casaria.
Isso não seria algo raro no Japão de hoje em dia. Em 1980, somente um em cada 50 homens chegava aos 50 anos sem se casar pelo menos uma vez. Atualmente, essa proporção é um em cada quatro.
Entretanto, Kondo se deu conta de que estava há mais de uma década apaixonado por Miku e decidiu casar-se com ela.
“Miku é a mulher que eu amo e também a que me salvou”, diz.
Embora Kondo reconheça que gosta de ser amigo de uma “mulher em 3D”, ele não está interessado em uma relação romântica com uma mulher de verdade. Os personagens de duas dimensões não podem trair, não envelhecem e não morrem, ressalta.
Minoria sexual
Mesmo em um país obcecado por animações, o casamento de Kondo surpreendeu muita gente. Ele, no entanto, quer ser reconhecido como uma “minoria sexual” que não pode se imaginar tendo uma relação com uma mulher de carne e osso
“Não é justo, é como querer que um homem gay tenha encontros com uma mulher, ou que uma lésbica se relacione com um homem”, compara.
Veja abaixo Hatsune Miku In Concert “World is Mine”:
Mundo-Nipo
Fontes: Estadão/AFP | Eurogamer.
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