Um único golfinho-nariz-de-garrafa do Indo-Pacífico, com uma barbatana dorsal ferida, está sendo responsabilizado por uma série de ataques que deixaram pelo menos 53 pessoas feridas em praias da província de Fukui, na costa oeste da região central do Japão, nos últimos três anos. A frequência e a gravidade dos ataques, que incluem mordidas e investidas violentas, transformaram o animal em uma ameaça real para os banhistas, de acordo com o jornal Asahi Shimbun.
Uma epidemia de ataques
A situação se agravou nos últimos meses. Entre 21 de julho e 20 de agosto deste ano, 20 pessoas foram atacadas, elevando o número total de vítimas para 53. Considerando os anos anteriores, foram 12 vítimas em 2023 e 21 em 2022, de acordo com dados da polícia local e da guarda costeira. É importante ressaltar que esses números podem ser subestimados, pois muitas vítimas podem não ter registrado os incidentes.
Um suspeito identificado
Investigadores chegaram à conclusão de que um único golfinho é responsável pelos ataques após analisarem imagens capturadas por câmeras ao longo das costas das prefeituras de Fukui e Ishikawa. As imagens mostram um golfinho solitário com uma barbatana dorsal ferida, característica que se repete em todos os locais onde ocorreram os incidentes.
Comportamento anormal e perigoso
Especialistas acreditam que a lesão na barbatana dorsal, combinada com o isolamento social, pode ter desencadeado um comportamento agressivo no animal. Golfinhos-nariz-de-garrafa geralmente nadam em grupo, são sociáveis e interagem de forma pacífica com os humanos. No entanto, o golfinho em questão parece ter desenvolvido um comportamento anormal, atacando os banhistas sem provocação, aparente.
Muitas das vítimas relataram ter tentado acariciar o animal ou se afastar dele após ser agarrado. Essa interação, embora aparentemente inofensiva, pode ter desencadeado reações agressivas no golfinho. Especialistas alertam que a aproximação de animais selvagens, mesmo que pareçam amigáveis, pode ser perigosa.
Medidas de segurança e impacto
Diante da gravidade da situação, as autoridades locais intensificaram as medidas de segurança nas praias. Placas de alerta foram instaladas, e os salva-vidas foram instruídos a monitorar de perto a presença de golfinhos. No entanto, a ameaça persiste, e os banhistas são orientados a evitar o contato com qualquer animal marinho.
A série de ataques gerou grande preocupação entre a população local e os turistas.
Cinquenta das vítimas estavam em praias designadas para natação. Entre as três restantes, duas estavam em áreas rochosas perto de praias e uma estava um pouco mais afastada.
Tadamichi Morisaka, professor de cetologia na Universidade de Mie, visitou locais onde alguns dos ataques ocorreram. Ele disse ao Asahi Shimbun que não tinha conhecimento de relatos em outras partes do mundo sobre tantas pessoas sendo atacadas intermitentemente por golfinhos selvagens.
Além de mordidas, que eventualmente podem ferir gravemente um banhista, o ataque mais perigoso empreendido por um golfinho é a investida, na qual o cetáceo nada em disparada em direção à vítima – a força da colisão pode ser fatal. Sete entre os 53 ataques foram efetuados por investida, sendo que algumas dessas colisões resultaram em ossos quebrados das vítimas.
Ataque por gênero
A disparidade de gênero entre as vítimas também chamou a atenção dos pesquisadores, com 43 homens e 9 mulheres sendo atacados. Essa diferença pode estar relacionada ao comportamento mais aventureiro dos homens em relação ao mar.
Mistério a ser desvendado
O caso dos ataques dos golfinhos no Japão levanta diversas questões sobre o comportamento animal e a interação entre humanos e animais selvagens. Embora a hipótese de um golfinho solitário e ferido seja a mais provável, ainda há muito a ser descoberto sobre as causas desse comportamento anormal.
== Mundo-Nipo (MN)
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