Da agência EFE
Javier Picazo Feliú.
Tóquio, 11 nov (EFE).- Compartilhar a mesa com um coelho, um gato e inclusive uma cabra faz parte da variada oferta de lazer no Japão, um país no qual os bares com animais existem para satisfazer os devotos deste hobby no mínimo diferente.
Nos últimos anos os estabelecimentos deste tipo ganharam muita popularidade na capital japonesa, impulsionados pela grande recepção das pioneiras “cafeterias de gatos” ou “neko café”, transformadas em uma sensação desde que a primeira foi aberta em 2004.
Pensados para os amantes dos animais, estes estabelecimentos têm como norma cobrar uma entrada, cuja quantia depende do tempo que o cliente queira permanecer no local acompanhado de um ou vários destes animais de estimação “temporários”.
A esse preço são somados extras como bebidas, doces e alimentos para os animais que, no geral, andam em liberdade pelo local para regozijo dos clientes.
Em poucos anos, aos bares de felinos foram se somando todo tipo de animais de estimação como cachorros, pássaros e inclusive foi aberto um “réptil café” na cidade de Yokohama, vizinha a Tóquio, com serpentes, tartarugas e lagartos com os quais se pode “brincam” enquanto se desfruta um delicioso bolo acompanhado de café.
O sucesso destes lugares se explica pelas estritas normas, sobretudo em Tóquio, que impedem a posse de animais nos apartamentos alugados, por isso que muitos amantes de animais procuram estas cafeterias para acariciá-los por horas.
Apesar das queixas de associações de animais contrárias a esta prática e a rigorosa legislação japonesa para garantir a saúde e o bem-estar dos animais de estimação, nos últimos anos nasceram, do ilimitado imaginário japonês, vários locais novos e extravagantes.
Um deles é o “Sakuragaoka Café”, um restaurante com terraço situado no movimentado bairro de Shibuya (Tóquio) com dois inquilinos particulares, “Sakura” e “Chocolat”, dois belos exemplares de cabra que se transformaram em um fenômeno social.
Donas de sua própria conta no Ttwitter (@shibuyagi_sc), as cabras têm, além disso, uma linha de bolsas com sua imagem, um livro de fotografias à venda no portal Amazon e um blog onde “comentam” suas vivências e inquietações (ameblo.jp/shibuyagiblog).
Além de tomar alguma coisa no terraço ao lado da “casa” dos animais, os clientes podem também reservar uma hora para passear com eles, como se fossem cachorros.
A meia hora a pé, ao lado da Neko dori, uma das ruas mais sugestivas e modernas de Tóquio, fica “Ra.a.g.f”, um café com 20 coelhas, que abriu suas portas em abril do ano passado.
Neste pequeno e escondido estabelecimento de apenas três mesas se pode, por cerca de 600 ienes (US$ 7,60), desfrutar de meia hora rodeado de coelhos de todos os tamanhos, cores e raças.
“O negócio vai bem graças ao boca a boca e ao interesse que despertou nos meios de comunicação”, assegurou à Efe Ryoka Sasaki, a risonha encarregada do estabelecimento.
A cada dia uma média de 30 pessoas frequentam durante a semana o local e uma centena nos finais de semana e feriados, com clientes de todas as idades, entre os quais muitos levam para a loja seus próprios coelhos para que se relacionem e andem pelo local com os de sua mesma raça.
O segredo do sucesso, segundo Sasaki, está no “tsun dere”, um conceito japonês que revela a natureza distante, mas ao mesmo tempo carinhosa, dos coelhos, algo que atrai os visitantes.
Além do café e da companhia animal, o estabelecimento também se dedica à venda dos coelhos (por cerca de US$ 318 cada), e jaulas, camisetas, comida e inclusive roupas para vesti-los de colegial, princesa ou marinheiro.
Entre os ocupantes da cafeteria destaca-se Mitsu, uma coelha de raça francesa de mais de seis quilos que nasceu no trágico 11 de março de 2011, dia em que o Japão sofreu o devastador terremoto e tsunami no nordeste do país.
Mitsu é das poucas na loja que não tem permissão, por causa de seu tamanho exagerado, para sair da jaula para bajular os clientes. EFE
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