Atualizado em 02/03/2019
Localizada em uma pequena colônia japonesa em São Miguel Arcanjo (SP), a maior biblioteca de livros em japonês no Brasil possui um gigantesco acervo de mangás (quadrinhos japoneses). A biblioteca na Colônia Pinhal tem uma coleção de mais de 75 mil livros, dos quais 70% são mangás. O número representa o maior acervo em língua japonesa fora do Japão.
São mais de 52 mil mangás dos mais variados gêneros, que vão desde kodomo (gênero voltado para o público infantil) aos polêmicos hentais (erótico/pornográfico), de acordo com dados revisados anualmente, sendo o último em maio de 2018.
“Eles [mangás] são os mais procurados pela população da colônia e também por outros moradores da região que estudam a língua japonesa e alugam”, afirmou o administrador da biblioteca, Katsuharo Ochi, ao portal de notícias G1.
Ochi explicou que os mangás são procurados tanto por crianças como por adultos, mas “a preferência é pelas histórias de luta, enquanto os poucos mangás eróticos quase ‘nunca’ são alugados”.
Para nível de comparação quanto à enorme quantidade de mangás, o acervo da biblioteca situada em Pinhal, colônia em São Miguel Arcanjo, é três vezes maior, por exemplo, que o da Fundação Japão em São Paulo (SP), cidade onde vivem mais de 340 mil japoneses e descendentes, segundo dados do Centro de Estudos Nipo-Brasileiro publicados em 2015. A biblioteca da entidade conta com 21 mil exemplares, explicou a administração do local.
Obras diversas
Além da grande quantidade de mangás, a biblioteca conta com obras de diversos temas: artes, arquitetura, culinária, religião, biografias, além dos romances policiais e clássicos, como “Pinóquio” e “Bambi”. A quantidade de livros é tanta que alguns exemplares ficam estocados em caixas ao lado de prateleiras. “São muitos livros, grande parte antigos. São tantos que não conhecemos a maioria”, diz Ochi.
Outra riqueza à disposição de quem visita a biblioteca é o acervo de vídeos. São mais de 1,2 mil volumes que retratam o cinema, os programas de TV e até os comerciais japoneses – dados atualizados em maio de 2018.
O administrador contou que boa parte do acervo veio diretamente do Japão. “Na época em que Tetsurito Amano fundou a biblioteca, há mais de três décadas, a colônia recebeu um contêiner carregado de livros que veio do Japão por meio de um navio. Desde então foram comprados poucos exemplares para a biblioteca”, relembra o administrador.
Nascido no Japão, Tetsurito Amano chegou ao Brasil em 1960 e decidiu ficar. Mesmo apaixonado pelo Brasil, ele não abre mão da cultura oriental e fala poucas palavras em japonês. Ele viu nos livros uma forma de não deixar para trás as origens do seu povo e, por isso, decidiu fundar a biblioteca na pequena colônia em São Miguel Arcanjo.
Na colônia Pinhal, que existe há quase 60 anos, a maioria dos maradores atua na área da agricultura. A comunidade possui escolas que ensinam tanto a língua portuguesa como japonesa.
Funcionamento
O espaço de 650 metros quadrados fica na colônia japonesa do Bairro Pinhal, zona rural de São Miguel Arcanjo, e foi construído em 1985. Ele funciona apenas aos sábados e é aberto à visitação pública.
Fontes: G1 | Prefeitura de São Miguel Arcanjo.
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