Do Mundo-Nipo
A edição de número 66 do Festival de Cannes, a mais charmosa competição de cinema do mundo chega ao fim no próximo domingo (26).
Filmes dos EUA e do Japão são os grandes favoritos na disputa pela Palma de Ouro, de acordo com o crítico de cinema do jornal ‘O Globo’, Rodrigo Fonseca, que fez as suas apostas.
O festival de Cannes vai chegar ao final no domingo, dia em que vai ser entregue a tão esperada Palma de Ouro. O prêmio está sendo mais aguardado do que nunca, porque neste ano não teve nenhum filme que se pudesse olhar e dizer “esse filme é uma obra prima”. O mais próximo disso é o longa-metragem norte-americano que, curiosamente, para o padrão de um grande festival como Cannes, é uma comédia.
Nebraska, que é um filme de maturidade completa e tem grande chances de vencer, não só pela qualidade, mas porque é a primeira “quase perfeita” crônica da nova depressão americana.
O maior rival de Nebraska é um filme japonês intitulado “Like Father, like Son”, de Yokazu Kore-Eda, um filme forte, mas que conta com leveza o drama sobre a troca de bebês em uma maternidade, que põe em questão a natureza versus criação.
O filme de Kore-eda tem nos papéis principais o cantor e ator Masaharu Fukuyama como o alcoólatra Ryota que, com sua meiga esposa, Midori, interpretada por Machiko Ono, educa o filho Keita, de 6 anos, para que conquiste o sucesso.
Sua vida familiar, vista exteriormente como perfeita, é rompida um dia depois de o hospital onde Keita nasceu informar que cometeu um erro, pois o menino não é seu filho biológico.
O drama de Kore-eda encontra momentos de humor e humanidade, que contrastou com os primeiros dias de exibição dos filmes concorrentes, marcados por obras com temática de violência.
O Japão já venceu por quatro vezes em Cannes, a mais recente em 1997, com “A enguia” (“Unagi”), de Shohei Imamura.
De acordo com o The Hollywood Reporter, outro drama que poderia rivalizar com o filme de Kore-eda é o fortíssimo “Le passé” (O passado), do diretor iraniano Asghar Farhadi, que também recebeu criticas elogiosas depois de sua exibição na última sexta-feira.
Correndo por fora, mas com significativas chances, está o filme “La Vie d’Adèle”, de Abdellatif Kechiche, apontado pelo jornal The Guardian como o filme com a cena de sexo lésbico mais longa e gráfica da história do cinema.
Outro que não pode ser esquecido, também com temática LGBT, é “Behind de Candelabra”, de Steven Soderbergh, sobre o romance entre o pianista Liberace, interpretado por Michael Douglas, e seu boytoy, Scott Thorson, que foi excelentemente interpretado por Matt Damon. O filme é repleto de beijos apaixonados entre os dois.
Contudo, a grande dificuldade na seleção do júri, presidido por Steven Spilberg, que conta com grandes nomes do cinema como Nicole Kidman, Lynne Ramsay, Ang Lee, além da diretora japonesa Naomi Kawase, é decidir os vencedores nas categorias de diretor.
Na categoria tem três nomes fortíssimos: James Gray, que produziu “A Imigrante”; Polanski, com “Venus na pele”; Jim Jarmusch, com “Only lovers left alive” e Alexander Payne, por “Nebraska”. Além de Yokazu Kore-Eda com “Like Father, like Son”.
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