Festival de Cinema de Tóquio dá ênfase à animações

O Festival de Tóquio está de roupagem nova e investe este ano no que o cinema do país tem de peculiar aos olhos do mercado internacional, enfatizando a tradição de suas produções de animação.

Do Mundo-Nipo

Os personagens japoneses Hello Kitty e Doraemon deram o tom que o Festival Internacional de Cinema de Tóquio procurava para a abertura de sua 27ª edição, que está de cara nova e investindo no amor dos japoneses por animações.

 

Abertura da 27ª edição do Festival de Cinema de Tóquio (Foto: Getty Images)
Doraemon exibiu seus dotes no tapete vermelho na quinta-feira, dia de abertura do mais importante festival de cinema do Japão e um dos cincos mais renomados do mundo (Foto: Getty Images)

 

Inaugurado no Japão na noite da última quinta-feira, o evento deste ano aposta  no que o cinema do país tem de peculiar aos olhos do mercado internacional, enfatizando a tradição de suas produções de animação, muitas delas calcadas nos quadrinhos japoneses, os mangás.

O festival contará com eventos especiais paralelos à atração principal, incluindo uma “convenção de cosplay  (pessoas vestidas como personagens)” e uma feira de alimentos japoneses para divulgar as indústrias cultural e de conteúdo do país.

Neste domingo, a convenção receberá os mais famosos cosplayers vindos de 22 regiões japonesas e de outros países. O encontro será realizado extraordinariamente pelos líderes do World Cosplay Summit, evento organizado apenas uma vez por ano, em Nagoya. A convenção foi programada durante o festival para homenagear, ainda que indiretamente, a tradição japonesa do mangá e do anime.

Entre os longas que concorrem à melhor animação está “Operação Big Hero”, uma nova aposta de desenho animado da Disney após o sucesso “Frozen”, do ano passado. A animação, que foi fortemente inspirada pela cultura japonesa, tem o jovem Hiro Hamada e seu robô Baymax representando a primeira dupla de heróis nipônicos dos estúdios Disney. O longa-metragem é baseado nos quadrinhos da Marvel “Big Hero 6”, criados no final dos anos 1990, por Duncan Rouleau e Steven T. Seagle, que recorreram a elementos de enredo e de design típicos dos mangás.

Com produção executiva de John Lasseter, “Operação Big Hero” é ambientado num cenário futurista chamado San Fransokyo (cruzamento entre San Francisco e Tóquio). Com um corte de cabelo desgrenhado (típico dos adolescentes japoneses), o prodígio Hiro Hamada e sua criação, o robô Baymax, reúnem um grupo de heróis improváveis para combater o crime nas ruas. “Nós fomos muito influenciados pela estética, pela sensibilidade e pela narrativa das animações japonesas”, disse Chris Williams, que codirigiu o título com Don Hall. “O traço japonês apresenta uma grande simplicidade, mas sem perder a essência, sobretudo no que diz respeito à expressão das emoções”, completou Williams.

A dupla visitou Tóquio há três anos, quando eles iniciaram o projeto de “Operação Big Hero”. “Nós fotografamos a cidade de todos os ângulos, para reconstituir o lado japonés de San Fransokyo com uma riqueza de detalhes, em termos de design urbano”, contou Hall. O conceito de robô usado no filme já marca a influência da cultura pop japonesa, na visão do diretor. “No Japão, essas máquinas costumam ter um papel positivo, na esperança de um futuro melhor – diferentemente da visão de robôs no ocidente”, disse ele.

Após a abertura com “Operação Big Hero”, que estreia no Brasil em 25 de dezembro, o Festival de Tóquio manterá o foco em animes com outros filmes do gênero, além de retrospectivas e eventos. O cineasta japonês Hideaki Anno mostrará cerca de 50 de seus trabalhos em animação, incluindo filmes, curtas-metragens, telefilmes, vídeos promocionais e comerciais de TV, em retrospectiva.

Um dos títulos selecionados para a mostra Special Screenings foi “Tatsumi”, que celebra o trabalho de Yoshishiro Tasumi, um conhecido artista japonês de mangá que terá sua obra adaptada ao cinema pela primeira vez, pelas mãos do diretor Eric Khoo.

A programação do festival ainda inclui a première mundial da animação “Pikmin Short Movies”, produzido por Shigeru Myamoto, mais conhecido como o criador do personagem Super Mario, do universo dos videogames.

Muitos outros fazem sua estreia asiática depois de serem exibidos em Toronto e em outros festivais, inclusive o policial franco-belga “The Connection”, estrelando Jean Dujardin (“O Artista”), e o drama “1001 Grams”, aposta norueguesa na categoria de melhor filme em língua estrangeira – James Gunn, diretor de “Guardiões da Galáxia”, preside o júri da competição.

A maratona cinematográfica será encerrada no dia 31 deste mês, com a projeção de “Parasyte”, filme de Takashi Yamazaki, baseado num manga japonês que cruza elementos de horror com os de ficção cientifica.

Fontes: Jornal The Asahi Shimbun / Jornal Valor Econômico / Agência Reuters.

 


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