Do Mundo-Nipo
O centro de pesquisas do Japão, Riken, diz que cientistas responsáveis por um estudo inédito sobre células-tronco estão considerando a possibilidade de cancelar o documento. Segundo a emissora pública NHK, o presidente do centro, Ryoji Noyori, pediu desculpas publicamente durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (14).
Na coletiva, Noyori apressou-se em endereçar suas desculpas à comunidade científica internacional, já que o estudo equivocado por ter causado uma situação que poderia abalar a credibilidade da comunidade científica do país.
Noyori disse ser extremamente lamentável que erros graves tenham sido encontrados no processo de elaboração do relatório sobre o estudo, prometendo que o instituto irá analisar a questão de forma minuciosa, e se forem confirmadas irregularidades, irá adotar punições rigorosas, detalhou a NHK.
A pesquisadora Haruko Obokata (autora do estudo) e seus colaboradores do Centro de Pesquisas Riken emitiram uma declaração, oferecendo sinceros pedidos de desculpas por provocar a confusão devido aos problemas nos artigos.
“Os cientistas afirmam que estão considerando seriamente a questão, e contatando outros colaboradores fora do instituto sobre a possibilidade de cancelar o relatório em questão”, concluiu a emissora em seu noticiário vespertino nesta sexta..
Sobre a credibilidade do estudo sobre células STAP (Fonte: Agência Estado)
A credibilidade do estudo das chamadas “células STAP” vem sendo questionada por pesquisadores, que apontam erros nas imagens e nos resultados da pesquisa, publicada no inicio do ano na revista Nature.
O estudo, liderado pela bióloga Haruko Obokata, apresenta uma nova técnica, segundo a qual seria possível reverter células adultas do organismo a um estado de pluripotência, equivalente ao das células-tronco embrionárias (ou de pluripotência induzida), de uma maneira simples e segura: apenas colocando-as num meio de cultura ácido, sem a necessidade de manipulação genética. O estudo teve grande repercussão mundial, por conta de suas implicações para o avanço das pesquisas com células-tronco, voltadas para o estudo de doenças e regeneração de tecidos.
É importante ressaltar que o fato de a pesquisa estar sendo investigada — e mesmo que ela contenha erros — não significa que o estudo seja uma fraude ou que a técnica seja inválida. Entretanto, as informações inicias relatadas são preocupantes. Vários pesquisadores de outras instituições disseram que tentaram replicar os resultados de Obokata e não conseguiram.
Um dos co-autores do trabalho, Charles Vacanti, da Faculdade de Medicina de Harvard, disse que já entrou em contato com a revista para solicitar uma correção do trabalho, referente a problemas em uma das imagens do trabalho. “Parece certamente ter sido um erro honesto, que não afeta os dados, as conclusões ou qualquer outro componente do trabalho”, disse ele ao jornalista David Cyranoski, autor da reportagem.
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