O governo do Japão anunciou nesta sexta-feira (19) a detecção de uma nova variante da Covid-19 em seu território. A nova cepa “parece ter se originado no exterior, mas é diferente de outros tipos que foram encontrados esporadicamente no Japão”, de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIID, na sigla em inglês).
“A variante pode representar um risco para os esforços de conter a disseminação de infecções [COvid-19] a médio e longo prazo”, disse um funcionário do NIID, segundo o jornal Asahi.
A cepa foi encontrada em 91 casos do novo coronavírus na área de Kanto, no leste do Japão, e em 2 casos em aeroportos, disse o secretário-chefe do gabinete do premiê, Katsunobu Kato, a repórteres.
O governo do país está aumentando a vigilância contra novas variantes, que podem ser mais resistentes às vacinas.
“Pode ser mais contagiosa do que as cepas convencionais e, se continuar a se espalhar internamente, pode levar a um rápido aumento de casos”, disse Kato.
A nova cepa tem a mutação E484K na proteína spike do vírus, que foi encontrada em outras variantes, o que pode prejudicar a eficácia das vacinas.
Segundo o Ministério de Saúde do Japão, o país já notificou 151 casos acumulados das três variantes que foram identificadas anteriormente no Reino Unido, África do Sul e Brasil.
Eficácia das vacinas contra nova variante
Acredita-se que a cepa mutada seja capaz de “escape imunológico”, o que significa que pode escapar do sistema imunológico do corpo. Isso está levantando preocupações de que parte da imunidade adquirida por meio de infecções com outras cepas do vírus, ou por meio de vacina, pode não funcionar o suficiente contra a variante.
Alguns pesquisadores apontaram que a vacina desenvolvida pela gigante farmacêutica britânica AstraZeneca pode ser menos eficaz contra a nova variante, mas a extensão em que ela pode afetar a eficácia da vacina permanece obscura.
Em estudos publicados em revistas científicas dos EUA, a empresa farmacêutica norte-americana Pfizer, e outras, concluíram que a variante não tem um grande impacto na eficácia de sua vacina, que está sendo usada na campanha de imunização que teve início no Japão esta semana.
Preocupação com mutações
Países em todo o mundo estão particularmente preocupados com três tipos de cepas mutantes do vírus que surgiram na Grã-Bretanha, África do Sul e Brasil. Todas as variantes apresentam a mutação N501Y, que se teme ser mais contagiosa.
A mutação E484K também está confirmada em algumas das variantes britânicas, bem como nas variantes encontradas na África do Sul e no Brasil. O Japão também relatou todas as novas variantes detectadas entre os pacientes do país.
A última cepa encontrada recentemente no Japão tem a mutação E484K, mas a mutação N501Y não está confirmada na variante. Um painel de especialistas assessorando o Ministério da Saúde disse ontem (18) que é necessária análises contínuas da cepa.
“Precisamos monitorar o impacto da variante à medida que mais pessoas recebem vacinas”, disse Takaji Wakita, que preside o painel e dirige o NIID.
Estudo epidemiológico
Enquanto isso, o NIID lançará o primeiro estudo epidemiológico do país sobre cepas mutantes do vírus após a disseminação de variantes por todo o país, de acordo com uma diretiva que o ministério enviou em 17 de fevereiro aos governos das províncias.
O estudo analisará a idade dos pacientes e a gravidade dos sintomas, juntamente com outros fatores, após a confirmação da infecção das variantes em verificações de quarentena em aeroportos e outras portas de entrada no Japão.
Até o momento, o Japão soma cerca de 400.000 casos de Covid-19, totalizando 7.194 mortes.
== Mundo-Nipo (MN)
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