Radiação em Fukushima não teve impacto efetivo sobre a saúde, diz estudo

O estudo diz que a incidência de vários tipos de câncer, como de tireóide e leucemia, são “equivalente à de outras zonas do Japão”.
Mae com bebe em um abrigo em Fukushima em marco de 2011 Foto Distribuicao Greenpeace
Foto: Distribuição/Greenpeace

Um estudo compilado por especialistas da saúde afirma que a radiação emanada após o acidente no complexo nuclear em Fukushima, em 2011, não teve um impacto efetivo sobre a saúde dos habitantes das zonas mais próximas à usina.

Divulgado nesta segunda-feira (22), o estudo dirigido pelo professor Koichi Tanigawa, da Universidade Médica de Fukushima, diz que “a grande maioria dos cidadãos em Fukushima recebeu doses muito leves de radiação” desde a catástrofe ocorrida há quase cinco anos.

O relatório, no entanto, mostra um significativo aumento das patologias psiquiátricas por causa do acidente, assim como um notável aumento de outras doenças entre as pessoas que foram obrigadas a abandonar seus lares após ser decretada a ordem de evacuação nas proximidades da usina.

Em entrevista coletiva, Tanigawa explicou que o estudo se baseia em dados médicos recopilados após o acidente causado pelo terremoto e o tsunami de 11 de março de 2011 e até 2014, e foi realizado a pedido do governo da Prefeitura japonesa de Fukushima (centro).

“Felizmente, podemos dizer que até o momento não houve nenhum impacto muito grande da radioatividade na saúde pública da zona”, afirmou Tanigawa, que também destacou a necessidade de “continuar analisando a situação para observar possíveis efeitos a mais longo prazo”.

Entre os residentes de Fukushima, a incidência de doenças como a leucemia, do câncer de mama, de tireóide e de outros tipos é “equivalente à de outras zonas do Japão”, afirmou este especialista.

O relatório inclui dados das doses de radiação recebidas pelos habitantes das localidades mais próximas à usina antes, durante e depois do processo de evacuação.

Os níveis de radioatividade aos quais foram expostos os cidadãos desta zona eram “extremamente baixos”, já que em uma grande maioria dos casos (60%) se situa abaixo de 1 sievert (SV, unidade usada para dar uma avaliação do impacto da radiação ionizante sobre os seres humanos) por ano, dentro dos limites considerados seguros pelos organismos internacionais, destacou o especialista.

À margem das doenças vinculadas à radiação, foi observado um agudo aumento da síndrome de estresse pós-traumático, da ansiedade crônica, da depressão e de outras desordens mentais entre a população de Fukushima.

A proporção de pessoas com patologias psiquiátricas se situou em 14,6% entre os cidadãos desta Prefeitura japonesa entre 2011 e 2013, muito acima do número das outras zonas do país mais afetadas pelo terremoto e o tsunami de março de 2011 (6,2%) e da média japonesa (4,6%).

Além disso, o relatório reflete uma “deterioração preocupante” nas condições de saúde das 165 mil pessoas que foram evacuadas por causa da catástrofe, e entre os quais cerca de 70 mil continuam sem poder voltar a seus lares até hoje, afirmou Tanigawa.

Os casos de obesidade, diabetes, disfunção hepática e hipertensão aumentaram “de forma significativa” entre os evacuados, algo que os especialistas atribuem às mudanças drásticas no estilo de vida e à dieta das pessoas deslocadas para alojamentos temporários.

(Com Agência EFE)

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