Zika pode infectar 1,5 milhão no Brasil e 4 milhões nas Américas, alerta OMS

A OMS anunciou a convocação de um comitê para avaliar se a propagação do vírus constitui um “risco de saúde pública de nível internacional”.
Mosquito Aedes Aegypt Foto Distribuicao Clinica Sales

O alarmante avanço do zika vírus levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a prever que até 1,5 milhões de pessoas poderão ser atingidas pelo vírus apenas no Brasil, país com maior incidência de casos. A organização estima ainda que 4 milhões de pessoas serão infectadas nas Américas.

A estimativa, divulgado nesta quinta-feira (28), também alerta para a “maneira explosiva” de propagação do zika. Devido a isso, a OMS anunciou a convocação de um comitê de emergência para avaliar se a situação se constitui como “urgência de saúde pública de nível internacional”.

Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e com epicentro no Brasil, o zika é apontado como possível causa de 3.448 casos suspeitos de microcefalia (má formação cerebral) em bebês no país. Destes, 270 foram confirmados até agora.

Além disso, o zika tem sido associado à expansão de uma síndrome rara (Guillain-Barré), que gera fraqueza muscular e pode levar à paralisia, com alguns raros casos culminando em morte.

A projeção da OMS sobre a população que poderá ser atingida pelo zika no Brasil é semelhante ao total de casos de dengue – também transmitido pelo mosquito Aedes – registrados em 2016, quando a epidemia atingiu um recorde no país.

Ela é ainda similar à avaliação do Ministério da Saúde e significaria o triplo de casos de zika estimados pelo governo em 2015. Devido à falta de exames, a o ministério avaliou que cerca de 500 mil brasileiros tenham sido infectados pelo vírus.

Durante o encontro em Genebra, a chinesa Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mun­dial da Saúde, destacou sobre a alarmante expansão do vírus. “O explosivo avanço do zika vírus é motivo de preocupação, especialmente diante do possível elo entre a infecção durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia”, declarou Chan. “Atualmente, casos foram notificados em 23 países e territórios na região [de um total de 55]. O nível de alerta é extremamente alto.

Os governos de El Salvador, Colômbia, Jamaica, República Dominicana e Equador recomendaram às mulheres evitar engravidar até 2018.

Marcelo Castro, ministro da Saúde do Brasil, foi bombardeado por se sair com sugestão semelhante há algumas semanas. Disse ele: “Torço para que as mulheres peguem zika antes da idade fértil”. Uma vez contaminado pelo zika, o organismo é imunizado contra novas infecções. É uma vacina natural. Como reconheceu a presidente Dilma Rousseff: “Estamos perdendo a luta contra o mosquito”.

Margaret Chan alertou ainda que o poderoso fenômeno climático denominado “El Niño” deve fazer com que o número de mosquitos aumente este ano.

A crescente preocupação nos Estados Unidos de que o zika se espalhe no país levou o presidente Barack Obama a convocar assessores de saúde e segurança nacional a pedir pressa no desenvolvimento de uma vacina.

O vírus também levou os governos da Austrália e de pelo menos cinco países na Europa, além da própria União Europeia, Estados Unidos e Canadá, a recomendarem que gestantes e mulheres que pretendem engravidar evitem viajar ao Brasil e a outros países expostos ao zika. Eles explicam que, uma vez infectada pelo vírus, a mulher tem grandes chances de gerar filhos com microcefalia.

Como a dengue, a febre amarela e o chikungunya, o vírus zika, cujo nome vem de uma floresta de Uganda, onde foi identificado pela primeira vez em 1947, é transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti.

Sintomas
De acordo com o mais recente boletim de alerta do Ministério da Saúde, os sinais de infecção pelo Zika vírus são parecidos com os sintomas da dengue, e começam de 3 a 12 dias após a picada do mosquito. Os sintomas de Zika Vírus são:

• Febre baixa (entre 37,8 e 38,5 graus)
• Dor nas articulações (artralgia), mais frequentemente nas articulações das mãos e pés, com possível inchaço
• Dor muscular (mialgia)
• Dor de cabeça e atrás dos olhos
• Erupções cutâneas (exantemas), acompanhadas de coceira. Podem afetar o rosto, o tronco e alcançar membros periféricos, como mãos e pés.

Sintomas mais raros de infecção pelo Zika
Dor abdominal
• Diarreia
• Constipação
• Fotofobia e conjuntivite
• Pequenas úlceras na mucosa oral.

Diagnóstico de Zika
Se você suspeita de Zika vírus, vá direto ao hospital ou clínica de saúde mais próxima. O diagnóstico deverá ser feito por meio de análise clínica e exame sorológico (de sangue).

A partir de uma amostra de sangue, os especialistas buscam a presença de anticorpos específicos para combater o Zika vírus no sangue. Isso indicará que a doença está circulando pelo seu corpo e que o organismo está tentando combatê-lo. A técnica RT-PCR, de biologia molecular, também pode ser usada para identificar o vírus em estágios precoces de contaminação.

Para diferenciar o vírus Zika da febre chikungunya e da dengue, outros exames podem ser feitos
• Testes de coagulação
• Eletrólitos
• Hematócrito
• Enzimas do fígado
• Contagem de plaquetas
• Raio X do tórax para demonstrar efusões pleurais.

Tratamento de Zika Vírus
O tratamento para o Zika vírus é sintomático. Isso que dizer que não há tratamento específico para a doença, só para alívio dos sintomas. Para limitar a transmissão do vírus, os pacientes devem ser mantidos sob mosquiteiros durante o estado febril, evitando que algum Aedes aegypti o pique, ficando também infectado.

Pacientes afetados com Zika Vírus podem usar medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Entretanto, assim como na dengue e febre chikungunya, os medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada devem ser evitados. Eles têm efeito anticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados. O uso destas medicações pode aumentar o risco de sangramentos.

Os sintomas se recuperam espontaneamente após 4-7 dias. Se você sentir incômodo por mais tempo, volte ao médico para investigar outras doenças.

Complicações possíveis
Ainda não se sabe muito sobre as complicações que o Zika vírus pode causar. Recentemente ele foi relacionado pelo Ministério da Saúde à casos de microcefalia – uma condição neurológica rara identificada em geral na fase da gestação – e à Síndrome de Guillan-Barré, que é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca o sistema nervoso por engano, que o causa uma inflamação nos nervos e fraqueza muscular, podendo afetar, em alguns casos, o coração, que é um músculo.

O Ministério da Saúde ressalta em seu relatório que as investigações sobre microcefalia e o Zika vírus devem continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.

Zika vírus (Foto: Reprodução/Edição MN)
As fotos mostram pacientes infectados pelo Zika vírus (Foto: Reprodução/Edição MN)

Fonte: Jornal Folha de S.Paulo | Revista Veja.com | Ministério da Saúde.

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