Pressão inflacionária pesa sobre os salários reais no Japão

Os salários reais no Japão interromperam uma tendência de alta, à medida que a inflação acelerada corroeu os ganhos dos trabalhadores.
Trabalhadores japoneses | ©Nikkei Photos
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Apesar de os salários nominais no Japão terem registrado um aumento de 3% em agosto, o maior em quase três décadas, a inflação crescente tem corroído o poder de compra dos trabalhadores japoneses. Os dados oficiais divulgados ontem (8) revelaram uma queda de 0,6% nos salários reais, ajustados pela inflação, marcando o primeiro declínio em três meses, informou a Kyodo.

A desaceleração nos ganhos salariais ajustados pela inflação pode ser atribuída, em parte, à diminuição dos bônus de verão, que costumam impulsionar os salários nos meses de junho e julho. Apesar dos acordos salariais mais robustos negociados no início do ano, o maior aumento em três décadas, a inflação mais alta tem corroído o poder de compra dos consumidores japoneses.

A pressão inflacionária tem sido um dos principais desafios enfrentados pela economia japonesa nos últimos meses. Aumentos nos preços de energia e alimentos, impulsionados por fatores globais como a guerra na Ucrânia, têm pressionado os orçamentos familiares. Para aliviar o impacto da inflação, o governo japonês tem implementado medidas como subsídios para conter os preços da eletricidade e do gás.

No entanto, a queda dos salários reais em agosto levanta preocupações sobre a capacidade do governo em estimular a demanda interna e impulsionar o crescimento econômico. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba tem defendido políticas para acelerar o crescimento real dos salários e incentivar o consumo, mas os resultados ainda não são visíveis.

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, o salário nominal médio por trabalhador, incluindo pagamento base e horas extras, subiram 3%, atingindo 296.588 ienes (cerca de 11.123 reais no câmbio brasileiro) em agosto, aumentando pelo 32º mês consecutivo.

Por sua vez, os salários médios, excluindo bônus e pagamentos não programados, também aumentaram 3%, para 264.038 ienes (cerca de 9.902 reais), registrando o maior aumento em quase 32 anos. Horas extras e outros subsídios subiram 2,6% para 19.599 ienes (cerca de 734 reais).

Os ganhos especiais em dinheiro, que refletem em grande parte os bônus, cresceram 2,7%, situando em 12.951 ienes (cerca de 485 reais), uma desaceleração em relação ao aumento revisado de 6,6% em julho. Paralelamente, o ministério estima que os preços ao consumidor subiram 3,5% em agosto.

Os salários nominais médios mensais para trabalhadores de período integral aumentaram 2,7%, para 377.861 ienes (cerca de 14.168 reais), enquanto os trabalhadores de meio período viram o salário mensal aumentar 3,9%, para 110.033 ienes (cerca de 4.125 reais), de acordo com os dados.

É importante destacar que, apesar da queda nos salários reais, os salários nominais continuam em alta. A média dos ganhos mensais aumentou, impulsionada por aumentos nos salários base e horas extras. No entanto, este crescimento tem sido parcialmente neutralizado pela inflação.

== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo News

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