Exportações do Japão em novembro caem pelo 24º mês seguido

É a mais longa série de declínio já registrada no país, enquanto as exportações para os EUA caíram, mas melhoram para a China.
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Porto de Tóquio | ©Kyodo

As exportações do Japão em novembro caíram em relação ao ano anterior para o 24º mês consecutivo, marcando a mais longa sequência de declínio já registrada no país, em meio ao impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a demanda externa, informou a Kyodo News.

De acordo com o relatório preliminar do Ministério das Finanças, as exportações japonesas caíram 4,2%, totalizando 6,11 trilhões de ienes (US$ 59 bilhões) em novembro, com os embarques de óleo diesel para a Austrália e carros para a Europa e Oriente Médio permanecendo lentos.

O ritmo do declínio em termos anualizados acelerou na comparação com os 2% registrados em outubro, quando deu o primeiro sinal de recuperação.

É o maior período de queda desde que dados comparáveis ​​foram disponibilizados, em janeiro de 1979. “A queda foi impulsionada, em grande parte, por efeitos adversos nas exportações do Japão em razão das tensões comerciais EUA-China”, disseram as autoridades do ministério durante a divulgação dos dados na quarta-feira (16).

O recorde anterior de descenso foi de 23 meses de quedas consecutivas nas exportações até julho de 1987, quando o Japão enfrentou fortes atritos comerciais com os Estados Unidos, em meio à ascensão de Tóquio como potência econômica, com o iene valorizado em relação ao dólar norte-americano após o Acordo Plaza de 1985, afirmaram as autoridades.

Ainda de acordo com os dados preliminares, as exportações de automóveis e peças automotivas encolheram 3,0% e 2,9%, respectivamente, em comparação com os aumentos de 3,0% e 4,0% no mês anterior.

“Uma combinação de fatores é considerada a causadora do declínio nas exportações”, disse um funcionário do ministério em uma coletiva de imprensa, citando notícias de um aumento nas taxas de transporte devido, em parte, ao número reduzido de voos em meio à pandemia, causando aumento da demanda por transporte marítimo.

Por sua vez, as importações em novembro caíram 11,1%, para 5,75 trilhões de ienes, marcando o 19º mês consecutivo devido à queda nos preços das importações de petróleo bruto de produtores como os Emirados Árabes Unidos. Mas o ritmo de queda foi mais lento do que os 13,3% registrados em outubro.

Balança comercial

O superávit comercial ficou em 366,77 bilhões de ienes no mês de relatório, abaixo dos 871,69 bilhões de ienes registrados em outubro, mas permanecendo no azul pelo quinto mês consecutivo, aponta o relatório preliminar.

Exportações por países

As exportações para os Estados Unidos caíram 2,5%, para 1,18 trilhão de ienes, o que representa a primeira queda em três meses, apesar do aumento de 6,6% nas remessas de automóveis para o segundo maior parceiro comercial do Japão. As importações também caíram 13,9%, para 593,05 bilhões de ienes.

Por sua vez, os embarques para a China, maior parceiro comercial do Japão, aumentaram 3,8%, para 1,36 trilhão de ienes, aumento menor do que o crescimento de 10,2% em outubro. As importações cresceram 6,7%, para 1,68 trilhão de ienes.

Desaceleração

“Impulsionadas pela chamada demanda reprimida resultante de bloqueios de cidades no exterior durante a primavera, as exportações do Japão se recuperaram significativamente até agora, mas os resultados mais recentes mostram que elas começaram a perder ímpeto”, disse Taro Saito, pesquisador executivo do NLI Research Institute.

Saito previu que a tendência de desaceleração dos embarques de produtos japoneses ficará mais clara a partir de dezembro.

Quanto ao impacto do recente ressurgimento de casos Covid-19 em todo o mundo, Saito disse que ainda não apareceu nas estatísticas “porque a maioria dos países não implementou restrições econômicas em grande escala em novembro”.

As exportações do Japão registraram quedas de dois dígitos entre março e agosto, à medida que a demanda global foi amortecida pela pandemia.

As exportações serviram como força motriz quando a terceira maior economia do mundo cresceu 22,9% em termos reais anualizados no período de julho a setembro ante o trimestre anterior, configurando a expansão mais rápida em 40 anos depois de encolher 29,2% no trimestre de abril a junho devido ao decreto de estado de emergência do governo em abril e que foi suspensa no final de maio.

*Veja a tabela completa na página de relatórios do site do Ministério das Finanças do Japão.

Por Maria Rosa / Mundo-Nipo (MN)
Fontes: Kyodo News | Ministério das Finanças.


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