Crise no Japão: Bolsa de Tóquio despenca e abala os mercados globais

A fortíssima derrubada das ações japonesas e a crescente aversão ao risco nos mercados globais levantam preocupações sobre o futuro da economia mundial.
Bolsa de Valores de Tóquio | ©Depositphotos
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A Bolsa de Tóquio sofreu um dos maiores abalos de sua história nesta segunda-feira, com o índice Nikkei 225 despencando mais de 12%. A queda, que superou os 4.451 pontos, foi desencadeada por temores de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos e por decisões de política monetária contraditórias entre o Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês) e o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).

A decisão do BoJ de ajustar sua política monetária, embora gradual, gerou uma onda de incerteza nos mercados. A rápida valorização do iene, consequência dessa decisão, forçou muitos investidores a desfazer o carry trade do iene, uma estratégia de investimento que envolvia tomar emprestado em uma moeda de baixa taxa de juros (como o iene) para investir em ativos de maior rendimento em outras moedas. Essa reversão em massa amplificou a venda generalizada e contribuiu para a queda acentuada do Nikkei.

Além disso, o ceticismo crescente em relação ao setor de tecnologia, impulsionado por resultados corporativos decepcionantes e dúvidas sobre a sustentabilidade do atual boom da inteligência artificial, também pesou sobre os mercados. A queda das criptomoedas, com o Bitcoin perdendo mais de 12% em um único dia, refletiu a aversão ao risco generalizada.

A combinação desses fatores, somada à recente fraqueza dos resultados do setor tecnológico nos EUA, gerou um clima de incerteza e aversão ao risco nos mercados globais. A volatilidade se espalhou rapidamente para outras bolsas asiáticas e europeias, com os futuros de ações dos EUA também registrando quedas acentuadas.

A crise no Japão expôs as fragilidades de um modelo de crescimento baseado em exportações e na política monetária ultraexpansiva do BoJ. A rápida valorização da moeda japonesa prejudicou a competitividade das empresas japonesas, especialmente as exportadoras, e desencadeou uma revisão das expectativas de lucros.

A queda dos preços do petróleo, que serviu como um catalisador adicional para a aversão ao risco, também contribuiu para a deterioração do sentimento do mercado. A perspectiva de uma desaceleração econômica global reduziu a demanda por petróleo, pressionando os preços para baixo.

Efeitos da crise japonesa na economia global

As possíveis consequências da crise para a economia global são vastas e ainda incertas. A desaceleração do crescimento econômico japonês pode ter um impacto negativo nas economias da região asiática, que são altamente interligadas. Além disso, a volatilidade nos mercados financeiros pode dificultar o acesso ao crédito para empresas e consumidores, prejudicando o investimento e o consumo.

A política monetária dos principais bancos centrais será crucial para mitigar os efeitos da crise. No entanto, a coordenação entre as diferentes autoridades monetárias será desafiadora, dada a divergência de interesses e as diferentes fases do ciclo econômico em que cada país se encontra.

A crise no Japão serve como um lembrete dos riscos associados à globalização e à interconexão dos mercados financeiros. “A volatilidade e a incerteza são características intrínsecas dos mercados financeiros, e os investidores devem estar preparados para enfrentar períodos de turbulência”, detalhou o jornal financeiro Nikkei.

== Mundo-Nipo (MN)
Fontes: CNN News Business | Nikkei Asia Japan
Foto em Destaque: Depositphotos

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