Depois atingir a cotação mais baixa frente ao dólar em 34 anos, o iene japonês demonstrou uma recuperação vigorosa, sinalizando uma possível intervenção do Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) no mercado cambial. Nesta segunda-feira (29), a moeda oscilou fortemente, chegando a ¥160,245 por dólar, para depois se valorizar, fechando a ¥155,01 no final das negociações na tarde de hoje em Tóquio (horário local).
A movimentação abrupta, que ocorreu em um dia de baixa liquidez devido a um dos feriados nacionais que compõe a Golden Week, levantou suspeitas de intervenção. Bancos japoneses foram observados realizando grandes vendas de dólares, o que contribuiu para a valorização do iene.
De acordo com o The Japan News, especialistas financeiros apontam que o mercado está à espera de declarações do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que podem indicar a manutenção de juros altos devido à inflação persistente. Tal cenário favoreceria o dólar e pressionaria o iene para baixo. No entanto, a possibilidade de o Japão sustentar sua moeda, como ocorreu em 2022, permanece no radar dos investidores.
O Banco do Japão manteve a postura de facilitação financeira, mas alertou contra uma depreciação muito rápida do iene. O ministro das finanças japonês expressou preocupação com a queda da moeda em conversas com a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, o que pode prenunciar novas ações de intervenção.
Masato Kanda, vice-ministro das Finanças para assuntos internacionais, evitou comentar sobre a possibilidade de intervenção, apesar das especulações do mercado. Analistas sugerem que a recuperação rápida do iene indica ação oficial, especialmente considerando o momento oportuno durante o feriado.
Ainda assim, o Japão mostra hesitação em intervir diretamente, possivelmente devido à diferença significativa nas taxas de juros entre o Japão e os EUA, que continua a impulsionar a desvalorização do iene. Mesmo com a recente retirada das taxas de juros do território negativo pelo Banco do Japão, elas ainda não são atraentes o suficiente para competir com os rendimentos mais altos oferecidos nos EUA, segundo destacou o jornal financeiro Nikkei.
A expectativa é que as pressões sobre o iene persistam até que haja uma mudança mais agressiva por parte do Banco do Japão ou dados mais pessimistas sobre o crescimento e a inflação nos EUA. A atenção se volta agora para a próxima reunião do Banco do Japão e para qualquer sinal de intervenção do Ministério das Finanças japonês.
== Maria Rosa / Mundo-Nipo (MN)
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