O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, anunciou que seu país pretende alcançar a neutralidade das emissões de carbono até 2050. A promessa é amplamente bem recebida por ambientalistas, mas o caminho para conquistar a meta será árduo devido à dependência de carvão do país.
“Declaro que vamos reduzir as emissões de gases do efeito estufa a zero até 2050, pensando em uma sociedade neutra em carbono”, afirmou Suga na segunda-feira (26), durante seu primeiro discurso de política geral no Parlamento japonês desde assumiu o poder em setembro.
O plano estabelece um prazo concreto para os compromissos do Japão na luta contra as mudanças climáticas. Até o momento, o país havia comunicado apenas a intenção de alcançar neutralidade de carbono na segunda metade do século XXI.
O novo objetivo coloca o Japão na mesma linha de tempo que a Europa e o Reino Unido, e uma década antes que a China, que no mês passado estabeleceu o prazo até 2060.
O primeiro-ministro não mencionou um calendário preciso para alcançar o equilíbrio entre as emissões de gases causadores do efeito estufa e sua absorção, mas ressaltou a importância da tecnologia.
Uso de energias renováveis
“A chave é a inovação”, declarou Suga, mencionando, em particular, as baterias solares de nova geração.
O Japão vai promover o uso de energias renováveis e a energia nuclear, completou o primeiro-ministro, insistindo na importância da segurança em um país marcado pela catástrofe nuclear de Fukushima em 2011.
Provocado por um terremoto seguido por um tsunami, o incidente motivou a suspensão das atividades dos reatores nucleares em todo país, eram mais de 50 unidades, o que aumentou a dependência das energias fósseis, como o carvão.
Terceira economia mundial e signatário do Acordo de Paris de 2015, o Japão era, em 2018, o sexto principal emissor de gases do efeito estufa, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
Críticas
O país é, com frequência, criticado por sua política de construção de novas centrais de carvão em seu território e também por financiar projetos no exterior, como no Sudeste Asiático.
As 140 centrais de carvão representam quase um terço de sua produção de energia elétrica. O carvão é a segunda fonte de produção de eletricidade mais importante, depois do gás natural liquefeito (GNL), cujas instalações fornecem 38% da energia elétrica do país.
O novo objetivo estruturará o plano básico de energia do Japão, que atualmente está sendo revisto.
O plano mais recente, publicado em 2018, destacava que entre 22% e 24% das necessidades energéticas do país deveriam ser abastecidas por energias renováveis, como a eólica ou a solar, até 2030, um prazo considerado pouco ambicioso por muitos.
O programa também previa que a energia nuclear deveria cobrir mais de 20% das necessidades energéticas do país até 2030.
Ambientalistas saúdam o compromisso
Após o anúncio de Suga, a ONG Greenpeace celebrou o compromisso, mas advertiu que o objetivo não deve representar um aumento da dependência da energia nuclear.
“A neutralidade de carbono não é mais um sonho distante, é um compromisso necessário a respeito do Acordo de Paris e, neste sentido, felicitamos o primeiro-ministro Suga por esta declaração”, disse a diretora-executiva do Greenpeace International, Jennifer Morgan.
“É um objetivo muito ambicioso”, opinou Daisuke Tanaka, especialista do Instituto de Pesquisa Daiwa.
Suga “fez uma declaração clara. Agora, o Japão deve cumprir sua promessa, não há como escapar”.
Com France-Presse.
Atualizado em 08/11/2020.
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