À medida que o governo do Japão finaliza os planos para apresentar um pacote de estímulo econômico na próxima sessão do Parlamento, o apoio popular ao Gabinete do Primeiro-Ministro Fumio Kishida despencou, mostram várias pesquisas de opinião pública nos últimos dias, informou o The Japan Times nesta segunda-feira (16).
Uma pesquisa da Kyodo News, realizada no fim de semana, revelou uma queda significativa no índice de aprovação do Gabinete, que caiu 7,5 pontos percentuais em relação ao mês passado, para 32,3% – o valor mais baixo desde que Kishida assumiu o cargo, há dois anos. Seu índice de desaprovação, entretanto, atingiu o máximo histórico de 52,5%.
A popularidade do governo também atingiu um nível recorde em três outras pesquisas realizadas durante o mesmo período pelos jornais Mainichi Shimbun, Asahi Shimbun e Yomiuri Shimbun, sendo estes os três principais jornais do país, nas quais os índices de aprovação do Gabinete foram de 25%, 29% e 34%, respectivamente.
Embora as pesquisas de Mainichi e Yomiuri tenham considerado as taxas praticamente inalteradas, os resultados do Asahi revelaram uma queda significativa de 8 pontos percentuais.
Em todas as sondagens, os números caíram para níveis iguais ou inferiores aos registados no outono passado, quando os níveis foram considerados os mais baixos para a gestão de Kishida. Essa queda, no entanto, se deve ao escândalo envolvendo quatro membros de um Gabinete recém-nomeado, e que foram forçados a demitir-se por suposta ligação com a polêmica Igreja da Unificação.
O grupo religioso voltou a estar nas manchetes, depois de o governo, na semana passada, ter tomado medidas oficiais para revogar o seu atual estatuto legal. O momento da decisão – pouco antes da abertura da nova sessão do parlamento marcada para esta sexta-feira – sugeria que Kishida estava tentando angariar apoio para uma potencial eleição antecipada antes do final do ano.
Além disso, os planos do governo de apresentar um novo pacote de estímulo econômico, dirigido às famílias atingidas pela inflação desenfreada e pela queda do poder de compra, criaram expectativas entre os observadores de que poderia haver um salto no apoio público.
Embora todas as pesquisas tenham mostrado uma reação pública esmagadoramente positiva à medida do governo de revogar o status de corporação religiosa da Igreja da Unificação – com níveis de aprovação superiores a 80% – parece não ter surtido impacto significativo na popularidade de Kishida, já que o público continua mais preocupado com problemas relacionados à políticas sociais e à economia, principalmente com a desenfreada alta dos preços.
No geral, as pesquisas mostram que os eleitores têm ficado cada vez mais desiludidos com a capacidade do primeiro-ministro japonês para resolver os problemas sociais e econômicos do país. Segundo as sondagens, os eleitores expressam grande preocupação com questões como desigualdade de renda, envelhecimento da população, enfraquecimento econômico e político, entre outros desafios.
Embora as discussões sobre um possível corte de impostos tenham chamado a atenção, os entrevistados – 69% no Asahi e 73% no Yomiuri – disseram não ter quaisquer expectativas sobre tal medida. Na sondagem do Yomiuri, 86% dos inquiridos afirmaram sentir algum impacto do aumento dos preços.
Depois de uma queda significativa no verão passado, principalmente devido ao desastre do cartão My Number, os índices de aprovação de Kishida permaneceram baixos, e as tentativas do primeiro-ministro de reanimá-los – inclusive através de uma rara aparição em uma convenção sindical no início de outubro – revelaram-se infrutíferas.
A remodelação do Gabinete em setembro, que atingiu o recorde de cinco mulheres na chefia de ministérios, não trouxe consigo o aumento de popularidade que o governo tinha previsto. Entretanto, as promessas de medidas provisórias para cortar impostos, bem como os discursos grandiosos sobre dar nova vida à economia, não dissiparam as preocupações sobre um eventual aumento da carga para os contribuintes devido aos prometidos aumentos das despesas sociais e de defesa.
Neste contexto, as duas eleições intercalares do próximo fim de semana nos distritos nº 4 de Nagasaki e Kochi-Tokushima irão oferecer mais informações sobre as opiniões dos eleitores sobre a administração de Kishida e, por sua vez, afetarão a probabilidade de eleições antecipadas.
Em Tóquio, as próximas semanas de debate no Parlamento sobre o orçamento suplementar serão o primeiro teste decisivo para a nova formação do Gabinete de Kishida, com onze ministros recém-nomeados a enfrentar os seus primeiros debates na Câmara.
Os atuais índices de aprovação sugerem que pode ser prematuro para Kishida dissolver a Câmara Baixa neste momento. No entanto, o surgimento de quaisquer escândalos entre os membros do Conselho de Ministros ou o agravamento do ambiente macroeconômico poderão agravar o já fragilizado apoio popular ao governo de Kishida.
== Mundo-Nipo (MN)
Com The Japan Times.
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