Do Mundo-Nipo com Agência EFE
A nova ministra de Economia do Japão, Yuko Obuchi, pôs seu cargo à disposição do primeiro-ministro, Shinzo Abe, devido ao escândalo sobre o uso ilícito de recursos por parte de sua organização política, afirmou neste sábado (18) o jornal ‘Nikkei’. Premiê ainda não se posicionou sobre o pedido.
Yuko, que assumiu a pasta de Economia, Comércio e Indústria no último dia 3, foi a nomeação mais destacada na primeira remodelação ministerial feita pelo governo Abe desde que chegou ao poder em dezembro de 2012. O primeiro-ministro passa por um momento de desgaste de sua popularidade.
Na semana passada, a imprensa japonesa revelou que uma organização política vinculada à Yuko teria usado ilicitamente de recursos para comprar entradas de teatro a seus filiados.
O desvio, que seria de 26 milhões de ienes (cerca de R$ 600 mil), ocorreu entre 2010 e 2011, quando a atual ministra era parlamentar.
A legislação de controle de finanças durante campanhas eleitorais no Japão proíbe expressamente que sejam dados presentes ou feitos convites a eleitores.
Os partidos da oposição pedem a demissão da ministra e denunciam outras suspostas despesas ilícitas, entre elas uma viagem feita por ela em 2012 e que não aparece nas contas da organização. Há também a compra de produtos para bebê e roupas para uma empresa vinculada à família de Yuko.
Ela já se mostrou disposta a assumir a responsabilidade sobre o caso ao afirmar que o “desconhecimento (do desvio) não serve como desculpa”, após ser perguntada sobre a situação em um depoimento no Congresso japonês na última sexta-feira.
Yuko disse que foi “surpreendida” ao saber do caso pela imprensa e que iniciaria uma investigação “de forma urgente e profunda”.
O primeiro-ministro do Japão estudará a situação e decidirá se aceita a demissão de Yuko em seu retorno ao país neste sábado, após participar da cúpula Ásia-Europa na Itália, disseram fontes do Executivo ao jornal ‘Nikkei’.
A saída da ministra seria um duro golpe para a estratégia de renovação e concessão de mais protagonismo político às mulheres empreendida por Abe, considerado conservador, que decidiu nomear cinco ministras – fato que não ocorria no Japão desde 2001 – embora a maioria tenha sido colocada em pastas de menor importância.
Yuko Obuchi, filha do ex-primeiro-ministro Keizo Obuchi e com apenas 40 anos, era o rosto mais jovem e representativo da tática proposta por Abe.
Além de ter que lidar com os desafios econômicos do Japão, o ministério liderado por Yuko é responsável pelo delicado processo de reativação de parte dos 48 reatores atômicos após a crise nuclear na usina de Fukushima, provocada por um terremoto e um tsunami em março de 2011.
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