Coreia do Norte abre possibilidade de novo teste atômico após sanções da ONU

A Coreia do Norte advertiu que responderá às sanções com o reforço das “capacidades militares de autodefesa, incluindo a dissuasão nuclear”..

Da agência EFE

Atahualpa Amerise.

Kim Jong-un (Imagem: EPA/KCNA - Reprodução MN)
Kim Jong-un (Imagem: EPA/KCNA – Reprodução MN)

Seul, 23 jan (EFE).- Os temores da possibilidade de um novo teste atômico por parte da Coreia do Norte se intensificaram depois que Pyongyang prometeu recorrer à “dissuasão nuclear” após as novas sanções do Conselho de Segurança da ONU por seu recente lançamento de um foguete de longo alcance.

Em comunicado divulgado pela agência estatal “KCNA”, o regime comunista liderado pelo jovem Kim Jong-un advertiu que responderá às sanções com o reforço das “capacidades militares de autodefesa, incluindo a dissuasão nuclear”.

Isto “representa a ameaça de um novo teste atômico”, afirmou à Agência Efe Park Su-jin, porta-voz do Ministério da Unificação da vizinha Coreia do Sul, onde voltou a ganhar força a hipótese de que o Norte fará em breve um teste nuclear em seu território, que seria o terceiro deste tipo.

A porta-voz qualificou como “lamentável” a resposta de Pyongyang e pediu ao país vizinho para que “cesse seus provocações” e respeite as resoluções do Conselho de Segurança.

O regime norte-coreano informou, em seu comunicado, que “no futuro pode haver negociações para a paz e estabilidade da península coreana e da região”, mas “nunca para a desnuclearização”, o que representa um sonoro não à possibilidade de retomar as conversas de seis lados.

Esse diálogo multilateral, orientado a pôr fim ao programa nuclear norte-coreano e do qual participam as duas Coreias, Estados Unidos, China, Japão e Rússia, está estagnado desde 2008.

Desde que a Coreia do Norte lançou, no dia 12 de dezembro, seu foguete de longo alcance, que pôs em órbita o primeiro satélite do país comunista, Seul e Washington vinham reivindicando novas sanções ao Conselho de Segurança, que na madrugada passada aprovou por unanimidade a resolução 2087.

Ela decreta o congelamento de ativos do Comitê Coreano de Tecnologia Espacial, de um banco e de quatro companhias comerciais da Coreia do Norte por sua relação com o lançamento.


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Também impõe o mesmo castigo, além de proibições de viagem, a quatro cidadãos norte-coreanos envolvidos na operação espacial, e exige a Pyongyang que respeite as resoluções anteriores que restringem severamente seu desenvolvimento e comércio nos âmbitos de armas e nuclear.

As novas sanções da ONU receberam sinal verde da China, que se uniu à condenação do lançamento feito pela Coreia do Norte, o que gera incertezas sobre o futuro da histórica relação de amizade que une os dois Estados comunistas do Nordeste da Ásia.

Além disso, Coreia do Sul e EUA poderão preparar sanções adicionais contra o Norte, e há chance de que isso seja abordado pelo enviado especial de Washington à Coreia do Norte, Glyn Davies, em reunião amanhã em Seul com seu colega sul-coreano, Lim Sung-nam.

Neste sentido, o regime norte-coreano acusou hoje os Estados Unidos de manter uma “dupla moral” por considerar punível que o país tenha usado tecnologia de mísseis balísticos para fabricar seu foguete.

“Eles sabem melhor que ninguém que a tecnologia de mísseis balísticos é o único meio para lançar satélites”, expôs em seu comunicado a Coreia do Norte, a quem a ONU tem proibido de usar este tipo de recurso em projéteis de longo alcance.

Pyongyang realizou em 2006 e 2009 dois testes nucleares que incluíram, respectivamente, o lançamento de mísseis balísticos e uma tentativa fracassada de enviar ao espaço um foguete de longo alcance.

A possibilidade de um próximo teste nuclear gera preocupação na Coreia do Sul desde abril, quando houve alerta de movimentos incomuns na base norte-coreana que sediou os dois testes anteriores atômicos anteriores.

Washington e Seul mantêm uma sólida aliança militar frente à qual consideram uma “ameaça” norte-coreana desde a Guerra da Coreia (1950-53), conflito que terminou com um armistício – e não com um acordo de paz -, o que faz com que até hoje os dois países da península coreana estejam em estado técnico de guerra. EFE

 

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