A Coreia do Norte disparou três mísseis balísticos nesta quarta-feira (25), incluindo um com alcance intercontinental, em sua costa leste, de acordo com o governo sul-coreano, um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrou sua primeira viagem à Ásia desde que assumiu o cargo, prometendo se unir a aliados para impedir Pyongyang de novas provocações.
O governo do ditador Kim Jong-un também testou um dispositivo de detonação várias vezes, no que poderia ser os preparativos finais para um sétimo teste nuclear, disse o primeiro vice-conselheiro de segurança nacional da Coreia do Sul, Kim Tae Hyo.
O primeiro projétil, presumivelmente um míssil balístico intercontinental (MBIC), voou por cerca de 360 quilômetros, com uma altitude máxima de cerca de 540 km, sendo lançado por volta das 6h locais de quarta-feira, seguido por outros dois mísseis balísticos, que foram lançados por volta das 6h37 e 6h42 locais a partir da área de Sunan, em Pyongyang, informaram os militares sul-coreanos, segundo a Kyodo News.
O terceiro, que voou cerca de 760 km e chegou a 60 km, é considerado um míssil balístico de curto alcance, enquanto o segundo desapareceu do radar após atingir uma altitude de aproximadamente 20 km, sugerindo que o projétil falhou em pleno ar.
O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, e outras autoridades em Tóquio disseram que os mísseis aparentemente caíram fora da zona econômica exclusiva do país, e não houve relatos de danos a navios ou aeronaves.
O governo japonês, que detectou distâncias de voo semelhantes às relatadas pelas autoridades sul-coreanas, disse que ainda está analisando o segundo lançamento do projétil.
Os mísseis, que são disparados em trajetórias íngremes ou “lofted” para testar suas capacidades, fizeram crescer as preocupações sobre o desenvolvimento da Coreia do Norte de ICBMs com capacidade nuclear que poderiam atingir o continente dos EUA.
O conselheiro de segurança sul-coreano disse que um dos mísseis disparados pela Coreia do Norte nesta quarta-feira foi um novo ICBM Hwasong-17, que Pyongyang disse ter testado no final de março.
Diz-se que o ICBM mais poderoso da Coreia do Norte é capaz de viajar mais de 15.000 km se percorrer uma trajetória normal.
Em relação ao momento de um teste nuclear, ele disse: “É improvável que aconteça dentro de um ou dois dias, mas acho que há uma grande possibilidade depois disso”.
Os últimos lançamentos, que ocorreram após conversas entre Biden e o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e uma cúpula dos chamados líderes do Quad, envolvendo também Austrália e Índia, foram “claras provocações”, disse Kishida, acrescentando que “o Japão não pode tolerar os esforços da Coreia do Norte para avançar sua tecnologia relacionada a mísseis”.
“As ações recentes da Coreia do Norte, incluindo seus lançamentos de mísseis balísticos, ameaçam a paz, a estabilidade e a segurança do Japão e da comunidade internacional e não são aceitáveis”, disse Kishi a repórteres. Tóquio apresentou um protesto à Coreia do Norte através da Embaixada do Japão em Pequim.
O Comando Indo-Pacífico dos EUA disse que os testes de mísseis destacaram “o impacto desestabilizador do programa de armas ilícitas da RPDC”, referindo-se ao país pelo acrônimo de seu nome oficial, República Popular Democrática da Coreia.
A Coreia do Norte realizou 15 rodadas de testes de mísseis balísticos desde o início deste ano, dos quais pelo menos cinco eram ICBMs. Com isso, o número de testes de mísseis balísticos já atingiu o recorde marcado em 2016.
Kim disparou mísseis balísticos de curto alcance em 12 de maio, mesmo quando se acredita que o estado secreto esteja enfrentando um suposto surto de Covid-19 em sua capital Pyongyang.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou separadamente por telefone com o ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, e com o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Park Jin, após outra demonstração de força da Coreia do Norte.
Hayashi e Blinken compartilharam suas “sérias preocupações” sobre os programas de desenvolvimento nuclear e de mísseis da Coreia do Norte e concordaram em coordenar estreitamente com base no reconhecimento de que é “essencial” aumentar as capacidades de dissuasão e resposta da aliança bilateral, disse o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
Os militares dos EUA e da Coreia do Sul lançaram conjuntamente mísseis terra-superfície em direção ao Mar do Japão nesta quarta-feira A intenção dos disparos é demonstrar a capacidade de ataque após a ação da Coreia do Norte, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, conforme noticiou a Kyodo.
Mísseis em meio a um surto de Covid-19
Segundo a BBC News, os últimos lançamentos ocorrem quando a Coreia do Norte luta para conter um surto de Covid-19 entre sua população de 25 milhões e que, em grande parte, não está vacinada.
Mais de um milhão de pessoas estão doentes, no que Pyongyang está chamando de “febre”, e mais de 68 pessoas morreram desde o final de abril, dizem as autoridades.
Kim declarou estado de emergência em reação à Covid-19 em 12 de maio, mesmo dia em que realizou disparos de mísseis balísticos.
Contudo, a Coreia do Sul disse que ofereceu ajuda humanitária, mas Pyongyang ainda não respondeu.
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