Japão aciona defesa antimísseis contra a Coreia do Norte

Esta é a primeira vez, desde 2016, que o Japão toma a decisão de colocar seus sistemas de defesa em alerta, em resposta a lançamento da Coreia do Norte.
Destróier Japonês Kirishima (DDG 174) | ©Japan Maritime Self-Defense Force
Destróier Japonês Kirishima (DDG 174) | ©Japan Maritime Self-Defense Force

O Japão colocou suas defesas contra mísseis balísticos em alerta nesta segunda-feira e prometeu abater qualquer projétil que ameace seu território, depois que a Coreia do Norte o notificou sobre o lançamento planejado de um satélite entre 31 de maio e 11 de junho.

A Coreia do Norte, detentora de armas nucleares, afirma ter concluído seu primeiro satélite espião militar, e o líder Kim Jong Un aprovou os preparativos finais para o lançamento, o que seria o último passo da Coreia do Norte em uma série de lançamentos de mísseis e testes de armas nos últimos meses, incluindo o de um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido.

Analistas dizem que o novo satélite faz parte de um programa de tecnologia de vigilância que inclui drones, com o objetivo de melhorar a capacidade de atingir alvos em tempos de guerra, de acordo com a Reuters.

“Tomaremos medidas destrutivas contra mísseis balísticos e outros que estejam confirmados para pousar em nosso território”, disse o Ministério da Defesa do Japão (SDF, na sigla em inglês) em um comunicado.

O Japão usaria seu Standard Missile-3 (SM-3) ou Patriot Missile PAC-3 para destruir um míssil norte-coreano, acrescentou.

Enfatizando que o Japão considera o lançamento de um foguete carregando um satélite equivalente ao de um teste de míssil balístico com base no precedente histórico, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida disse a repórteres que seguir com o plano violaria as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que impõem sanções na Coreia do Norte por suas atividades relacionadas a armamentos bélicos, segundo informou a Kyodo News.

Kishida acrescentou que o lançamento do míssil previsto seria um “problema sério que afeta a segurança das pessoas”. Ele instruiu os ministérios relevantes a instarem Pyongyang a “exercer autocontenção”, fazendo o apelo em conjunto com os Estados Unidos e a Coreia do Sul.

O secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, disse que a decisão da Coreia do Norte de disparar um míssil representa uma ameaça à paz e à estabilidade na comunidade internacional, descrevendo a medida como uma “provocação séria”.

Matsuno, o principal porta-voz do governo, também disse que o míssil a ser lançado pela Coreia do Norte pode sobrevoar o território do Japão, que inclui as Ilhas Nansei, que se estendem a sudoeste de Kyushu (ilha localizada no sudoeste do país) em direção a Taiwan.

As autoridades norte-coreanas comunicaram o plano de lançamento à Guarda Costeira do Japão por e-mail na madrugada desta segunda-feira, disse Matsuno.

O chefe do Departamento de Assuntos da Ásia e Oceania do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Takehiro Funakoshi, concordou com seus colegas sul-coreanos e americanos, Kim Gunn e Sung Kim, em “dar as mãos” para lidar com o lançamento do míssil notificado durante suas conversas por telefone na segunda-feira.

Em 18 de abril, o líder norte-coreano Kim Jong Un instruiu a agência espacial de seu país a fazer os preparativos finais para o lançamento do satélite, informou a KCNA, segundo a Kyodo News.

O ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, posteriormente ordenou que as Forças de Autodefesa estivessem em estado de “prontidão elevada” para a possibilidade de um foguete norte-coreano sobrevoar ou cair em território japonês.

O SDF implantou mísseis interceptadores Patriot Advanced Capability-3 (Patriot Missile PAC-3) baseados em terra nas três ilhas remotas de Miyako, Ishigaki e Yonaguni, na província de Okinawa, no sul do Japão.

Em abril, o Japão enviou ao Mar da China Oriental um contratorpedeiro carregando os interceptadores SM-3 que podem atingir alvos no espaço.

Data de lançamento

Segundo a Kyodo, é provável que a Coreia do Norte realmente cumpra o prometido, uma vez que notificou sua janela de lançamento quatro vezes no passado, disparando um “satélite” dentro de três dias a partir do dia de abertura dos períodos designados. Entre eles, Pyongyang lançou um míssil balístico no primeiro dia de fevereiro de 2016, no segundo dia de abril de 2009 e no segundo dia de abril de 2012, bem como no terceiro dia de dezembro de 2012.

Contudo, acredita-se que a nação leve em consideração fatores como as condições climáticas para tomar uma decisão final sobre a data de lançamento.

A Coreia do Norte tentou várias vezes lançar satélites de “observação da Terra”, dos quais dois parecem ter sido colocados em órbita com sucesso, o último em 2016, ano em que o Japão tomou a decisão de colocar seus sistemas de defesa em alerta máximo pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

== Mundo-Nipo (MN)


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