Pessoas rezaram no Memorial às vitimas da bomba atômica em Hiroshima | ©Kyodo

Japão lembra o 77º aniversário da bomba atômica em Hiroshima

Cerimônia em Hiroshima, que contou com representantes de 99 nações, foi marcada por discursos veemente em favor da dissuasão nuclear mundial.

O Japão marcou neste sábado o 77º aniversário do bombardeio atômico em Hiroshima, pelos Estados Unidos, em meio à crescente preocupação no país, bem como no mundo, com as repetidas ameaças russas de recorrer a armas nucleares contra a Ucrânia, informou a Kyodo News.

Mesmo com as ameaças russas de ataque nuclear à Ucrânia, o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, citou em sua Declaração de Paz na cerimônia, realizada no Parque Memorial da Paz de Hiroshima, que a confiança na dissuasão nuclear está ganhando força em todo o mundo.

“Devemos imediatamente tornar todos os botões nucleares sem sentido”.

Kazumi Matsui

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também esteve presente na cerimônia anual no Parque Memorial da Paz perto do marco zero, tornando-se o primeiro líder do órgão a participar do evento em 12 anos.

O primeiro-ministro Fumio Kishida, que representa um eleitorado em Hiroshima, lamentou em seus comentários o impulso aparentemente declinante em direção a um mundo sem armas nucleares, pedindo à humanidade para não repetir a tragédia ocorrida em Hiroshima.

Kishida disse ainda que o Japão trabalhará pelo “ideal de um mundo sem armas nucleares”.

Em vista de que a cidade de Hiroshima foi eleita para sediar a reunião de cúpula do G7 em maio próximo, Kishida disse que ele e os outros líderes irão se comprometer, em frente ao monumento que simboliza a paz, a trabalhar juntos para assegurar os valores universais.

A Cerimônia

Um minuto de silêncio foi observado às 8h15, o momento exato em que uma bomba atômica lançada por um bombardeiro americano detonou sobre a cidade de Hiroshima em 6 de agosto de 1945, matando cerca de 140.000 pessoas até o final do ano.

Um número maior de participantes compareceu à cerimônia neste ano, uma vez que as restrições para conter a disseminação do Covid-19 foram amenizadas em todo o país, mas o número de assentos preparados ainda era apenas um terço dos níveis pré-pandemia, ou cerca 3 mil pessoas participaram.

A cerimônia contou com a participação de representantes de 99 países, além do secretário-geral da ONU, enquanto a Rússia e sua aliada Belarus, que está ajudando Moscou na guerra contra a Ucrânia, não foram convidadas.

Discursos contra armas nucleares

Em sua declaração pela paz, o prefeito de Hiroshima, Matsui Kazumi, citou que a população mundial acredita cada vez mais que a dissuasão nuclear é uma precondição para a paz. Contudo, ele disse que a única maneira de garantir fundamentalmente a proteção de vida e propriedade é através da eliminação de armas nucleares como um todo.

“Aceitar o status quo e abandonar o ideal de paz mantido sem força militar é ameaçar a própria sobrevivência da raça humana”, disse Matsui.

O prefeito exortou os líderes das potências nucleares a visitar Hiroshima e Nagasaki, a outra cidade japonesa devastada por um bombardeio atômico dos EUA em 1945, para “observar pessoalmente as consequências do uso de armas nucleares”.

“Quero que eles entendam que a única maneira segura de proteger a vida e a propriedade de seu povo é eliminar as armas nucleares”, acrescentou.

Por sua vez, Guterres alertou em seus comentários que uma “nova corrida armamentista está ganhando velocidade”, enquanto crises com graves implicações nucleares estão se desenrolando, principalmente na Ucrânia.

“É totalmente inaceitável que os Estados detentores de armas nucleares admitam a possibilidade de uma guerra nuclear“.

António Guterres

“Tire a opção nuclear da mesa (…) para sempre. É hora de proliferar a paz”, acrescentou, pedindo aos líderes de potências atômicas que se comprometam a “não usar primeiro” tais armas.

Após a cerimônia, Kishida e Guterres visitaram o Museu Memorial da Paz de Hiroshima. Durante suas breves conversas, os dois concordaram em continuar trabalhando em estreita colaboração para um mundo livre de armas nucleares, disse o Ministério das Relações Exteriores.

Segurança redobrada

O impacto do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe no mês passado também foi palpável com detectores de metal introduzidos para verificar os participantes na entrada.

Um fluxo maior de visitantes esteve no Memorial da Paz no início da manhã para oferecer orações e flores àqueles que sofreram como resultado do bombardeio. Eles incluíam muitos sobreviventes, conhecidos como hibakusha em japonês.

Durante uma reunião com Kishida após a cerimônia, representantes de grupos locais de sobreviventes da bomba atômica pediram que o governo ratificasse o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares e fosse o “pioneiro na abolição nuclear”.

Kishida sinalizou que a ratificação ainda não estava na mesa, dizendo: “O tratado serve como uma saída para um mundo sem armas nucleares. Temos que começar mudando nosso aliado, os Estados Unidos”.

Ataque em Hiroshima e Nagasaki

Três dias depois que a bomba apelidada de “Little Boy” dizimou Hiroshima, uma segunda bomba atômica foi lançada sobre Nagasaki. O Japão se rendeu às forças aliadas seis dias depois, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial.

No ano passado, a cidade adicionou mais 4.978 pessoas à lista das oficialmente reconhecidas como vítimas do bombardeio atômico que morreram. A lista, com os nomes de 333.907 pessoas, foi colocada de volta em um espaço dentro do cenotáfio, que é famoso monumento em forma de arco dedicado às vítimas da bomba atômica.

O número combinado de sobreviventes oficialmente reconhecidos dos dois ataques nucleares era de 118.935 em março, o que representa uma queda de 8.820 em relação ao ano anterior, disse o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar. Agora, a média de idade dos sobreviventes é de 84,53 anos.

== Mundo-Nipo (MN)

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