Do Mundo-Nipo
Doenças e mortes por causas relacionadas a excesso de trabalho vêm se constituindo em um grave problema social no Japão, com instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando o país à tomar medidas para resolver o crescente problema, o que levou o Ministério do Trabalho e Saúde do Japão a criar este mês uma equipe especial para tratar da questão.
Na semana passada, o ministro Yasuhisa Shiozaki, que chefia a equipe, solicitou a ativa colaboração da Federação das Empresas do Japão (Keidanren) para que as firmas reduzam a quantidade de horas extras.
O plano do ministério é reservar o mês que vem como período intensivo de orientação administrativa para empresas suspeitas de forçar funcionários a trabalhar por longos períodos.
Há muito tempo que o excesso de trabalho vem sendo um problema grave no Japão. O curioso é que só agora o governo do país resolveu dar importância a questão que, segundo estatísticas do próprio governo, atinge tanto trabalhadores de meia idade como também os relativamente jovens.
O jornalista Hideaki Murata, da TV estatal NHK, explicou a situação em um programa que foi ao ar neste fim de semana. Veja, a seguir, as explicações:
Sobre mortes por excesso de trabalho
Um dos motivos da iniciativa é a planejada entrada em vigor, no mês que vem, da lei de prevenção de mortes por excesso de trabalho. No ano fiscal de 2013, mais de 300 indivíduos sofreram enfartes, ataques cardíacos e outros problemas resultantes do excesso de trabalho, passando a ter direito a indenização correspondente. No total, 133 deles morreram.
Sobre doenças por excesso de trabalho
Mais de 400 pessoas sofreram de depressão e outras enfermidades causadas por stress relacionado ao trabalho e também tiveram reconhecido o direito de receber indenização. A lei entrará finalmente em vigor, em resposta ao anseio de familiares por um meio de remediar a grave situação. Medidas serão definidas para responsabilizar o governo.
Sistema de jornada de trabalho e remuneração
Outro motivo é o ‘novo sistema de jornada de trabalho e remuneração’, que o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pretende adotar. Medidas de redução das horas trabalhadas indevidamente são indispensáveis para a adoção do sistema.
A jornada de trabalho regulamentada no país é de oito horas por dia ou 40 horas semanais. Para funcionários sujeitos à nova jornada de trabalho, o período regulamentado não será aplicado, pois eles serão autorizadas a cumprir um horário mais flexível. Serão pagos com base em seu desempenho, não por horas trabalhadas. Não receberão tampouco pagamento por horas extras.
Implicações do novo sistema
Se não forem obrigados a pagar horas extras, os empregadores provavelmente forçarão funcionários a trabalhar por longos períodos. Os próprios funcionários podem estar dispostos a trabalhar mais para produzir resultados. “Sindicatos de trabalhadores e especialistas do setor preocupam-se com a possibilidade de haver um aumento no número de mortes por excesso de trabalho em tais circunstâncias”, concluiu o jornalista.
Karoshi
O termo japonês karoshi (ka = demasiado; ro = trabalho; shi = morte) significa “morte por excesso de trabalho”, também conhecido como síndrome da morte súbita. Esse processo, ocorre tanto entre trabalhadores de meia idade como também entre os relativamente jovens. Saiba mais sobre o assunto: “Karoshi: morte por excesso de trabalho”.
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