Mais de 100 mil itens documentando a vida dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil há mais de um século estão se deteriorando em um museu localizado na cidade de São Paulo, o que coloca em risco sua preservação para a posteridade e futuras perspectivas de pesquisa.
Embora o operador do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, um museu sobre nipo-brasileiros, venha se empenhando para digitalizar seu acervo antes da celebração do 110º aniversário da imigração japonesa para o Brasil, em agosto deste ano, os trabalhos não avançaram no tempo estimado devido à escassez de fundos e de mão de obra.
Para ajudar a superar o desafio e preservar os artigos historicamente importantes, o Imperador Akihito e a Imperatriz Michiko enviaram uma doação ao museu como parte dos esforços para encorajar os nipo-brasileiros.
O Brasil abriga a maior população mundial de imigrantes japoneses, com aproximadamente 1,9 milhão de pessoas de origem japonesa atualmente residindo no país.
O museu está localizado no prédio da Sociedade Brasileira de Cultura e Assistência Social Japonesa, no bairro da Liberdade, na capital paulista, cidade que abriga a maior comunidade de pessoas com ascendência japonesa no Brasil.
O museu possui itens de extrema importância histórica para as duas nações. Essas relíquias estão expostas em salas que totalizam uma área de 1.600 metros quadrados – do sétimo ao nono andar do edifício.
Entre as relíquias está um documento associado ao Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o Japão e o Brasil, datado de 1895. Há também um modelo do Kasato Maru, navio que transportou o primeiro grupo de imigrantes japoneses vinculados ao acordo estabelecido entre o Brasil e o Japão, ele aportou em Santos em 1908. O museu exibe ainda uma reprodução em tamanho real de uma casa de campo onde os pioneiros japoneses viviam no Brasil.
As exposições atraem turistas e estudantes locais, entre outros. Contudo, o museu enfrenta problemas emergentes, tais como deterioração de antigos registros de viagens de imigrantes, jornais japoneses publicados antes e depois da Segunda Guerra Mundial, bem como passaportes e fotos de imigrantes japoneses.
Cada página desses materiais vulneráveis precisa ser digitalizada para que os documentos, juntamente com suas informações adicionais, possam ser convertidos em um formato digital. Mas pouco trabalho de digitalização foi realizado até hoje.
Lidia Reiko Yamashita, de 68 anos, uma nipo-brasileira de segunda geração que atua como vice-presidente do comitê diretor do museu, expressou seu forte sentimento diante da crise.
“Se os documentos não forem digitalizados o mais rápido possível, poderá ser impossível estudá-los devido à deterioração, resultando na perda de seu valor como materiais históricos”, lamentou Yamashita.
Segundo o plano, o museu pretende digitalizar todos os seus itens para construir arquivos digitais pesquisáveis e acessíveis para qualquer pessoa em todo o mundo.
No entanto, como possui jornais japoneses antes e depois da guerra, que totalizam mais de 400.000 páginas, além muitos outros documentos importantes, espera-se que o processo de digitalização leve muito tempo.
Apoio da Família Imperial do Japão
Felizmente, o museu tem amigos extremamente importantes. Quando foi inaugura, em junho de 1978, para celebrar o 70º aniversário da emigração japonesa para o Brasil, Akihito e Michiko, então príncipe herdeiro e princesa, participaram da cerimônia de abertura.
Depois de ascender ao trono, o casal imperial voltou a visitá-lo em 1997 e seus filhos também estiveram no museu.
Retratos de Akihito e Michiko, pintados quando eles eram o príncipe herdeiro e a princesa, são exibidos no espaço da exposição situada no 9º andar da instalação.
O príncipe herdeiro Naruhito, que visitou o local em 2008, entregou uma doação a um funcionário do museu, de acordo com o desejo do imperador e da imperatriz de “fazer algo concreto para ajudar a comunidade de imigrantes japoneses”. O fundo deve ser usado para construir os arquivos.
“Estou satisfeito que os membros da família imperial se lembrem da existência de imigrantes japoneses aqui”, disse Yamashita. “Eu quero trabalhar duro para passar a história dos nipo-brasileiros”, concluiu.
*Para mais informações, visite o site do museu em http://www.museubunkyo.org.br.
Do Mundo-Nipo
Fonte: The Asahi Shimbun | Tradução e edição de Maria Rosa.
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