Nobel da Paz premia luta japonesa contra armas nucleares

O Nobel da Paz 2024 reconheceu a luta incansável da organização japonesa Nihon Hidankyo pela abolição das armas nucleares no planeta.
Homenagem a Nihon Hidankyo vencedor do Premio Nobel da Paz 2024
Homenagem ao grupo Nihon Hidankyo, vencedor do Premio Nobel da Paz 2024 | Reprodução

A Confederação Japonesa de Organizações de Vítimas de Bombas A e H, conhecida como Nihon Hidankyo, formada por sobreviventes das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, as únicas cidades do mundo a sofrerem um ataque nuclear, foi laureada nesta sexta-feira (11) com o Prêmio Nobel da Paz de 2024.

O prêmio reconhece a incansável luta do grupo pela abolição das armas nucleares e o importante papel dos hibakusha na conscientização global sobre os horrores da guerra nuclear. A premiação destaca o legado dos sobreviventes e a necessidade de continuar a luta por um mundo mais pacífico.

A Nihon Hidankyo, fundada em 1956, reúne milhares de hibakusha, que por décadas enfrentaram desafios como problemas de saúde, pobreza e discriminação. Através de seus depoimentos e atividades, os sobreviventes têm compartilhado suas experiências traumáticas com o mundo, revelando as consequências devastadoras das armas nucleares.

O Comitê Norueguês do Nobel destacou que a Nihon Hidankyo recebeu o prêmio “por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que as armas nucleares nunca mais devem ser usadas novamente”. O comitê também enfatizou que “os esforços extraordinários de Nihon Hidankyo e outros representantes do Hibakusha contribuíram muito para o estabelecimento do tabu nuclear”.

“Por favor, acabem com as armas nucleares enquanto ainda estamos vivos”, disse Toshiyuki Mimaki, com 82 anos, chefe da Confederação de Organizações de Vítimas da Bomba Atômica da Prefeitura de Hiroshima. Mimaki, assim como outros sobreviventes, dedicou sua vida à luta pela paz e à conscientização sobre os horrores da guerra nuclear, segundo a Kyodo News.

Em coletiva a imprensa concedida hoje (11), Toshiyuki Mimaki expressou grande contentamento com a Nihon Hidankyo ser laureada com Premio Nobel da Paz 2024 | Kyodo Images
Em coletiva a imprensa concedida hoje (11), Toshiyuki Mimaki expressou grande contentamento com a Nihon Hidankyo ser laureada com Premio Nobel da Paz 2024 | Kyodo Images

“Especialmente em lugares como Israel e Gaza, crianças estão cobertas de sangue e vivendo todos os dias sem comida, tendo suas escolas destruídas, estações destruídas e pontes destruídas”, declarou Mimaki em entrevista à emissora pública japonesa NHK.

“Posso imaginar os rostos dos meus antecessores que desejavam que nunca mais houvesse um incidente que levasse à criação de hibakusha”, disse Sueichi Kido, secretário-geral do grupo, com 84 anos.

A Nihon Hidankyo não apenas denunciou os horrores da guerra, mas também se dedicou a mudar o status quo, estabelecendo dois objetivos principais: a abolição das armas nucleares e a obtenção de indenização estatal pelos danos causados ​​pelo bombardeio. Graças aos esforços dos hibakusha, foram promulgadas leis para fornecer apoio médico e de outros tipos aos sobreviventes.

Marco zero de Hiroshima, local exato onde a bomba atômica caiu após ser lançada pelos EUA  em agosto de 1945 | ©Domínio Público
Marco zero de Hiroshima, local exato onde a bomba atômica caiu após ser lançada pelos EUA em agosto de 1945. Logo após o lançamento da bomba, absolutamente tudo, em um raio de dois quilômetros, foi completamente destruído pela explosão, matando imediatamente cerca de 80 mil pessoas. Calcula-se que mais de 100 mil morreram nos anos seguintes. Já em Nagasaki, cidade que foi bombardeada com a segunda bomba atômica dois dias após o ataque em Hiroshima, é estimado que aproximadamente 40 mil pessoas morreram na hora e cerca de 30 mil nos anos seguintes devido a ferimentos e aos impactos da radiação | Foto: Domínio Público

A premiação do Nobel da Paz de 2024, que acontece em um momento de crescente tensão geopolítica e de ascensão de guerras, destaca a urgência de fortalecer os esforços para desmantelar os arsenais nucleares. A escolha da Nihon Hidankyo como laureada serve como um poderoso chamado à ação.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, celebrou a premiação, reconhecendo os anos de esforço dedicados à abolição das armas nucleares. A organização da cúpula do G7 em Hiroshima em 2023, liderada pelo então primeiro-ministro Fumio Kishida, demonstra o compromisso do Japão em promover o desarmamento nuclear, impulsionado em grande parte pela premiação da Nihon Hidankyo.

Impacto da premiação na opinião pública internacional e o fortalecimento do movimento antinuclear

O Prêmio Nobel da Paz concedido à Nihon Hidankyo reverberou por todo o globo, intensificando o debate sobre o desarmamento nuclear e galvanizando o movimento antinuclear. A mídia internacional dedicou ampla cobertura ao evento, destacando a importância do legado dos hibakusha e a urgência de um mundo livre de armas nucleares.

A premiação serviu como um catalisador para a mobilização da sociedade civil em diversos países. Manifestações, petições e campanhas nas redes sociais foram organizadas em apoio à causa dos hibakusha e à abolição das armas nucleares. Jovens ativistas, inspirados pela coragem e resiliência dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, se uniram a organizações não governamentais para pressionar seus governos a adotarem políticas mais ambiciosas em relação ao desarmamento nuclear.

== Por Maria Rosa / Mundo-Nipo (MN)
Fontes principais
Asahi Shimbun
• Site Kyodo News

A notícia foi revisada com a ajuda de inteligência artificial (Gemini). Para saber mais, acesse Gemini revisor de texto.


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