Do Mundo-Nipo
O homem que uma vez foi chamado de o “Beethoven japonês” e, posteriormente, acusado de simular uma surdez, se desculpou nesta sexta-feira (7) por mentir para o seu público, em sua primeira aparição pública desde que admitiu, a mais de um mês, que não era o verdadeiro autor das composições que o tornaram famoso no país.
Mamoru Samuragochi, de 50 anos, que costumava ostentar cabelos longos e óculos escuros, apareceu na entrevista coletiva de cabelo cortado, sem óculos e desprovido da até então inseparável bengala, apetrechos que eram sua marca registrada.
Diante de jornalistas, ele curvou-se repetidamente pedindo desculpas aos seus fãs e aos profissionais que estiveram com ele ao longo de anos. “Peço desculpas pelos problemas que causei ao mentir sobre a autoria das obras que pertenciam a outro”, disse ele na coletiva que teve lugar em Tóquio.
Ele reconheceu que havia trabalhado com Takashi Niigaki em segredo por 18 anos. Niigaki, por sua vez, disse recentemente que ele era o “ghostwriter” (autor fantasma) por trás das obras de Samuragochi, incluindo a famosa “Sinfonia de Hiroshima”.
Samuragochi também confessou que havia desistido de sua certidão de deficiência física para surdez, da qual alegou que nunca tinha recebido uma pensão.
Um diagnóstico distribuído na entrevista coletiva mostrou que Samuragochi não é totalmente deficiente auditivo, mas possui uma “perda auditiva neurossensorial”.
Apesar de reconhecer que tem sido capaz de ouvir de vez em quando há cerca de três anos, afirmou que sons de áudio são distorcidos e que ele precisa de um intérprete de linguagem gestual, que o acompanhou na entrevista coletiva.
Um oficial do governo municipal de Yokohama, no entanto, disse nesta sexta-feira que o governo local pagou cerca de 240.000 ienes em subsídios relativos a cuidados médicos para Samuragochi ao longo de três anos e o concedeu um certificado de incapacidade física na semana passada.
Mais conhecido pelo clássico “Hiroshima Symphony” ou “Symphony No. 1” (Sinfonia de Hiroshima), Samuragochi chegou a ser comparado ao famoso compositor alemão Beethoven, mais propriamente pela surdez. Mas em 5 de fevereiro, ele emitiu um comunicado através de seu advogado no qual confessou que usava um “ghostwriter” para compor as obras.
A “Hiroshima Symphony”, lançada em 2011, tornou-se um grande sucesso para uma obra de música clássica, vendendo mais de 100.000 cópias. Acreditava-se ter sido composta por Samuragochi, onde ele teria expressado seus sentimentos sobre as vítimas da bomba atômica por ser filho de sobreviventes do ataque nuclear à Hiroshima, perpetuado pelos EUA durante a Segunda Grande Guerra.
(Do Mundo-Nipo com a Agência Kyodo)
Assista a entrevista (em japonês)
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