Da agência EFE
Pequim, 15 jan (EFE).- A forte poluição que afeta Pequim nos últimos dias gerou uma onda insólita de críticas, inclusive da imprensa estatal, e obrigou as autoridades chinesas a prometer mais medidas contra a poluição.
Às 14h locais (4h de Brasília), os medidores de poluição instalados na embaixada americana na capital chinesa contavam uma concentração de 120 microgramas de partículas inferiores a 2,5 mícrons de diâmetro (PM2,5) por metros cúbicos.
Embora ainda muito acima do máximo de 25 microgramas que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável, trata-se de um nível muito abaixo dos 993 microgramas que chegaram a ser registrados em algumas regiões de Pequim no sábado.
A poluição vem sendo muito criticada nas redes sociais. Até mesmo a imprensa oficial chinesa dedica grande espaço, e críticas, ao problema.
O jornal “China Daily” adverte nesta terça-feira que a poluição “pode fazer com que a economia tropece”, e a agência “Xinhua” lembrou que as autoridades prometeram construir uma “bela China”, mas “um país com um céu marrom e um ar perigoso de respirar evidentemente não é belo”.
Em resposta, o governo chinês determinou mais medidas para divulgar com mais rapidez alertas sobre a qualidade do ar e divulgar a informação rapidamente através da imprensa.
Além disso, o porta-voz do Ministério de Proteção Ambiental chinês, Tao Detian, disse ontem à noite que serão tomadas medidas para limitar as emissões de óxido de nitrogênio e que serão intensificados a supervisão da produção, o uso e o descarte de veículos.
A China é o maior produtor e o principal mercado de veículos do mundo. Em 2012, foram vendidos no país mais de 19 milhões de unidades.
Pequim mantém hoje as medidas de emergência para combater a poluição que atinge metade do país desde a última sexta-feira. A forte contaminação multiplicou os casos de problemas cardíacos e respiratórios nos hospitais e desencadeou uma onda de vendas de máscaras e máquinas para filtragem do ar.
O governo de Pequim ordenou ainda a suspensão das operações de mais de cem fábricas, empresas químicas, refinarias e obras de infraestrutura por suas altas emissões de carbono, e mais de 30% dos veículos governamentais foram proibidos de trafegar pelas ruas.
Na cidade de Shijiazhuang, vizinha a Pequim e uma das que registrou pior qualidade de ar no fim de semana passado, mais de 700 obras paralisaram seus trabalhos. Além disso, o governo recomendou aos cidadãos que utilizassem o transporte público e deixassem seus veículos em casa.
A camada de poluição foi tão densa que, na cidade de Zhejiang, evitou que os moradores próximos a uma fábrica de móveis se dessem conta de que ela sofria um incêndio.
A segunda maior economia mundial se descuidou durante décadas do meio ambiente em prol de um rápido desenvolvimento industrial, o que produziu uma grave degradação de sua atmosfera, de seus rios e lagos.
Segundo o Greenpeace, apenas em 2012 a contaminação do ar causou 8.500 mortes prematuras em Pequim, Xangai, Cantão e Xian.
Espera-se que o alto nível de poluição dos últimos dias continue até quarta-feira, quando está prevista a chegada de uma frente fria com ventos que vêm do norte do país e deverão dispersar as partículas nocivas. EFE
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