A montadora japonesa Mitsubishi Motors confessou nesta terça-feira (26) que vinha manipulando os testes de economia de combustível em alguns veículos no Japão desde 1991, onze anos a mais que o informado inicialmente.
A sexta maior montadora do Japão revelou ainda que os dados apresentados para certos carros vendidos no Japão tinham base em cálculos de computador, o que contraria totalmente a lei japonesa, que exige testes realizados de modo real nos veículos.
A empresa disse que as agressivas metas internas podem ter pressionado os funcionários a exagerar ao dimensionar a economia de combustível de seus veículos e estabeleceria um comitê externo para investigar o assunto.
A informação de que testes inadequados foram realizados pela companhia durante meio quarto de século amplificou um escândalo que começou na semana passada, quando a Mitsubishi afirmou que funcionários intencionalmente manipularam dados para que a eficiência no consumo de combustível parecesse melhor do que era em alguns modelos de miniveículos (carros que possuem motores inferiores a 660 centímetros cúbicos).
Desde então, a Mitsubishi Motors perdeu metade de seu valor de mercado, algo em torno de 3,9 bilhões de dólares.
Até agora, o número de veículos envolvidos na manipulação chega a 625 mil, mas outros modelos vendidos no Japão poderão engrossar essa lista. Inicialmente, os testes inadequados afetavam quatro modelos: 157 mil unidades dos modelos ek Wagon e ek Space produzidos pela Mitsubishi desde 2013, e outras 468 mil unidades do Dayz e do Dayz Roox, que são fabricados pela Mitsubishi e comercializados pela Nissan.
“Esse é um problema que ameaça a existência da nossa companhia”, declarou o presidente, Tetsuro Aikawa, em entrevista à imprensa nesta terça-feira.
Separadamente, o Ministério dos Transportes do Japão afirmou que criou uma força-tarefa para estudar como evitar que montadoras apresentem dados inadequados.
“O que a Mitsubishi nos informou é muito decepcionante e danifica a confiança em várias regulamentações automotivas”, disse Takao Onoda, autoridade do ministério responsável por supervisionar aprovações e recalls de veículos.
O problema até agora está restrito ao Japão, embora a Mitsubishi afirme que continua investigando se algum carro foi afetado no exterior. Segundo Ryugo Nakao, vice-presidente-executivo da empresa, nos EUA e na Europa a montadora usou métodos de testes adequados, assim como provavelmente na maior parte da Ásia.
(Com informações das agências Estado e Reuters)
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