Atualizado às 09h52
O Japão revelou nesta segunda-feira (1) o nome da nova era do país, que agora passar a ser era “Reiwa”, substituindo assim o período Heisei que durou 30 anos sob o governo do então imperador Akihito, informou nesta segunda-feira (1) o jornal financeiro Nikkei.
O anúncio feito pelo secretário-chefe do Gabinete japonês, Yoshihide Suga, seguiu a aprovação do gabinete e chega um mês antes de o príncipe herdeiro Naruhito subir ao trono em 1º de maio para iniciar oficialmente a nova era.
No anúncio, Suga disse que o termo “Reiwa” significa que a cultura nasce e se nutre quando as pessoas passam a se importar umas com as outras.
“Reiwa” surge da combinação de dois caracteres que podem ser traduzidos como “bom” ou “ordem” e “harmonia”, explicou Suga, expressando seu desejo de que o nome seja bem recebido pelo público e fique “profundamente enraizado” em suas vidas, detalha o ‘Nikkei’.
Logo depois do anúncio de Suga, o primeiro-ministro Shinzo Abe disse que o conceito do novo nome da era, ou “gengo”, foi adotado a partir de uma combinação inspirada na clássica poesia japonesa Waka, do século VII, de acordo com a ‘Kyodo News’.
Calendário japonês
O Japão ainda usa o calendário imperial – muitas vezes ao lado do calendário ocidental – para documentos oficiais, como carteiras de motorista, e para as datas de jornais e outras publicações.
O sistema tem raízes profundas que remontam a mais de um milênio no Japão, com os nomes sendo usados para descrever os períodos da história japonesa.
O ano atual de 2019 é chamado de Heisei 31 no calendário japonês. A partir de 1º de maio, o ano terá o nome de Reiwa 1
Eras anteriores e suas simbologias
A era Showa (1926-1989) simboliza um período tumultuado, que começou com a militarização do Japão e a Segunda Guerra Mundial, seguido pela ascensão da nação das cinzas da derrota e sua transformação em uma potência econômica global.
A era Heisei (1989-2019) é conhecida pelo colapso da bolha econômica seguida por anos de deflação, assim como o grande terremoto de 11 de março de 2011, o tsunami e o desastre nuclear de Fukushima.
O Japão teve 247 nomes de eras desde que instituiu o sistema sob o governo do imperador Kotoku, em 645, com a primeira era chamada Taika. Este sistema mudou a partir da era Meiji (1868-1912), quando passou ter uma era para cada imperador.
Estudo
O gabinete passou meses considerando propostas de estudiosos da literatura clássica chinesa e japonesa, bem como a história japonesa e oriental como um todo.
A sugestão foi então discutida por um painel de nove especialistas, incluindo o Prêmio Nobel e o professor da Universidade de Kyoto, Shinya Yamanaka. O orador e o vice-presidente dos Parlamentos (Câmara baixa e alta). O corpo legislativo do Japão também deu suas opiniões.
Era Heisei
A era Heisei é um nome derivado da literatura clássica chinesa e, a grosso modo, significa “alcançar a paz”. Ela começou em 1989, em uma época em que a economia estava em alta e o Japão se sentia no topo do mundo.
Naquele mesmo ano, a Sony adquiriu a Columbia Pictures de Hollywood e a Mitsubishi comprou o icônico Rockefeller Center de Nova York – ambos símbolos da incrível recuperação do país depois de sair das cinzas da Segunda Guerra Mundial.
No entanto, os bons tempos logo terminaram. A bolha econômica entrou em colapso e o país enfrentou “décadas perdidas” – quase 20 anos de estagnação econômica a partir de 1992.
Quando a recessão global de 2008 atingiu a economia, o índice Nikkei 225, da bolsa de valores de Tóquio, caiu para 7.054 ienes em março de 2009, mais de 80% de descenso em relação ao seu pico histórico em 1989.
O que esperar da nova era
À medida em que a era Reiwa desponta, a economia japonesa está melhorando, mas seu pulso pode estar enfraquecendo. Em 20 de março, o Gabinete divulgou sinais de alerta em meio à desaceleração das exportações para a China, embora o consumo interno tenha permanecido sólido no período de 2018 outubro-dezembro.
A era Reiwa também verá o Japão lidar com o envelhecimento da população, que está causando uma escassez de mão-de-obra, cujas proporções gigantescas ameaçam o crescimento do país. Isso levou Abe a implementar políticas para colocar mais mulheres no mercado de trabalho e permitir um maior número de trabalhadores estrangeiros no país.
Abdicação
O imperador Akihito, de 85 anos e atual chefe da Casa Imperial do Japão, vai abdicar ao trono no dia 30 de abril. Esta será a primeira abdicação ao Trono do Crisântemo no Japão moderno. O anúncio de segunda-feira é também a primeira vez em que o nome de uma era foi lançado publicamente antes da entronização de um novo imperador.
MN – Mundo-Nipo.com
Fontes: Nikkei Asian Review. |