A Toyota confirmou esta semana que o motor do Corolla, automóvel mais vendido na história, em todo o mundo, será nacionalizado daqui a dois anos. De acordo com o jornal ‘Valor Online’, o presidente da Toyota para América Latina, Steve St. Angelo, esteve na última terça-feira (29) com o presidente Michel Temer para detalhar os investimentos definidos para expandir a capacidade da fábrica de motores de Porto Feliz (SP).
A montadora japonesa começou a produzir o Corolla no Brasil há 18 anos e, desde que a inaugurou a linha do Corolla junto com a fábrica de Indaiatuba (SP), todas as gerações desse veículo ali produzidas foram equipadas com componentes de motor importados do Japão. “A Toyota gosta de tomar decisões passo a passo”, destacou St. Angelo.
O projeto anunciado a Temer prevê investimento de R$ 600 milhões. O valor é R$ 100 milhões mais alto do que a previsão inicialmente anunciada em 2012, quando a empresa decidiu erguer uma fábrica de motores em Porto Feliz, cidade vizinha a Sorocaba, onde fica a unidade de produção do compacto Etios.
Na ocasião, a direção da Toyota anunciou um programa total de R$ 1 bilhão. Metade disso foi usada para a produção dos motores do Etios, iniciada em maio. A segunda fase foi reservada para os motores do Corolla. Com o novo investimento a capacidade de produção será elevada de 108 mil para 174 mil motores por ano e o número de empregados passará de 600 para 800.
A construção da unidade industrial de Porto Feliz foi provocada pelo Inovar-Auto, programa de incentivos ao setor automotivo criado ainda no governo de Dilma Rousseff.
A direção da montadora japonesa se viu obrigada a nacionalizar a produção de motores para cumprir as regras do Inovar-Auto e, assim, evitar pagar carga tributária adicional.
O Inovar-Auto estimulou a nacionalização de veículos. Mas foi recebida pelas autoridades internacionais como uma proteção exagerada. Há poucos dias, a Organização Mundial do Comércio (OMC) determinou a ilegalidade do programa brasileiro.
St. Angelo aproveitou o encontro com Temer para apresentar ao governo projetos de carros híbridos, um segmento no qual a Toyota tem forte atuação mundial. “O presidente me pareceu bastante entusiasmado com essa tecnologia [de veículos movidos com energia elétrica]”, disse o executivo americano à saída do encontro, em Brasília.
Para ele, esse é o melhor momento para anunciar o investimento nos motores Corolla porque “a economia começa a dar sinais de melhora dia após dia”.
Os projetos de carros elétricos e híbridos já haviam sido apresentados a Dilma pelas montadoras que defendem esses tipos de veículos. Agora as marcas interessadas retomam o assunto com o presidente Temer. A ideia é convencer governo a estimular a produção local.
O Prius, um dos ícones entre os modelos híbridos do mundo, é hoje importado e vendido no Brasil por R$ 126 mil. No encontro com St. Angelo, Michel Temer perguntou ao executivo se seria possível fabricar esse modelo no Brasil. O presidente da Toyota para a região explicou que as partes mecânicas e carrocerias podem ser nacionais. Mas a bateria teria de ser importada.
Do Valor Online / Por Marli Olmos com colaboração de Bruno Peres.