Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar subiu mais de 1% ante o real nesta segunda-feira (2), anulando todo o recuo apurado na sessão anterior, influenciado por expectativa de uma interferência menor do Branco Central Brasileiro no mercado de câmbio, além de dúvidas quanto à aprovação do pacote de corte de gastos do ministro da Fazendo, Joaquim Levy.
A moeda norte-americana encerrou o dia com valorização de 1,37%, cotada a R$ 2,8951 na venda, após chegar a R$ 2,8960 na máxima da sessão. É o maior valor de fechamento desde 15 de setembro de 2004, quando foi a R$ 2,903. A mesma marca já havia sido atingida na semana passada.
Com o resultado de hoje, a moeda anulou o recuo de 1% na sexta-feira. Em fevereiro, o dólar fechou em alta pelo sexto mês seguido, com ganho de 6,19%.
Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro foi baixo, em torno de US$ 700 milhões, contra cerca de US$ 1 bilhão na sexta-feira.
Nesta sessão, os investidores continuavam demonstrando preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do país, que ofuscava os fatores de alívio nos mercados externos.
A mercado está preocupado com o futuro do ajuste fiscal de Levy, após a presidente Dilma Rousseff ter chamado de “infeliz” sua consideração sobre a desoneração da folha de pagamento ter sido uma “brincadeira groseira”.
A alta do dólar hoje, no entanto, foi impulsionada, em grande parte, pela expectativa de que o Banco Central Brasileiro passe a oferecer, em março, menos contratos de swap cambial, que equivalem à compra de dólar com vencimento futuro. Após o fechamento de sexta-feira, o BC anunciou que ofertaria nesta sessão até 7,4 mil swaps cambiais, para rolar os contratos que vencem em 1º de abril. A autoridade monetária vendeu integralmente a oferta.
Se mantiver esse ritmo até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, a autoridade monetária rolará perto de 80% do lote total, equivalente a US$ 9,964 bilhões. Nos últimos meses, o BC vinha fazendo rolagens integrais.
Nesta manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume correspondente a US$ 98,3 milhões. Foram vendidos 1.300 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 700 para 1º de fevereiro de 2016.
“Passou a época do dólar barato”, disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros, para quem o câmbio deve continuar pressionado no curto prazo.
Pela manhã, o avanço da moeda norte-americana foi limitado pela expectativa de maior liquidez nos mercados globais devido ao programa de compra de títulos do BCE e da queda dos juros da China.
Investidores também mostravam menor apreensão com a possibilidade de o ajuste fiscal não ser tão forte quanto o prometido pela equipe econômica, após números positivos sobre as contas públicas e a adoção de uma série de medidas fiscais na semana passada. Ainda assim, o quadro de inflação alta e contração econômica ainda deixava investidores com uma postura defensiva.
Agora, agentes financeiros aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), após o fechamento dos mercados na quarta-feira, e o relatório de emprego do governo dos EUA, na sexta-feira, para fazer apostas mais expressivas.
(Com informações das Agências Valor Online e Reuters)
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