Atualizado em 14/06/2018
A falta de mão de obra no Japão atingiu o pior patamar em mais de um quarto de século, reflexo do envelhecimento populacional, baixíssima taxa de natalidade e redução maciça da população em idade apta ao trabalho, é o que revela a mais recente pesquisa Tankan, elaborada pelo Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês).
Tankan é a abreviação para kigyo tanki keizai kansoku chosa, que literalmente quer dizer Observação da Economia de Curto Prazo. A sigla é o título de uma pesquisa trimestral de confiança dos negócios reportado pelo Banco do Japão e que mostra o nível atual da economia japonesa.
Os resultados do levantamento foram divulgados pelo BC japonês na segunda feira (2). A pesquisa inclui o nível da confiança das indústrias/empresas nos país, além de dados macroeconômicos paralelos ao do governo central.
O relatório mostra que a confiança entre os líderes das grandes empresas industriais do Japão avançou para o mais alto nível em dez anos no trimestre entre julho e setembro.
A confiança se refere ao crescimento do país. Contudo, ainda assim, eles estão temerosos com a crescente falta de mão de obra.
Esse temor pode ser observado no inquérito que o BC japonês realizou com aproximadamente 11 mil companhias em todo o país. Na pesquisa, foi perguntado se essas empresas dispunham de um número suficiente de funcionários.
O índice para todas as empresas foi fechado em menos 28 pontos, o que representa retração de 3 pontos em relação à pesquisa anterior feita três meses atrás. Este é o pior resultado em cerca de 25 anos e meio de existência da pesquisa Tankan.
Um número negativo indica falta de mão de obra. O cálculo mostra a diferença proporcional entre empresas com excesso de funcionários e aquelas com falta de trabalhadores.
A queda foi generalizada entre empresas de todos os portes e em todos os setores. Para as grandes companhias, a queda foi de 2 pontos e o índice ficou em 18 pontos negativos.
O problema é aina mais agravante entre as pequenas e médias empresas, onde o nível deteriorou 5 pontos, encerrando o período dos últimos três meses com incríveis 32 pontos negativos.
Descenso e envelhecimento populacional
O Japão registra há algumas décadas o envelhecimento de sua população e, consequentemente, queda na taxa de natalidade. Esses fatores têm levado o país a sofrer grande falta de mão de obra, pelo qual o primeiro-ministro, Shinzo Abe, anunciou que iria reformar a legislação de imigração para acolher mais trabalhadores estrangeiros.
Contudo, a grande meta de Abe é impulsionar a taxa da natalidade e assim frear o descenso populacional. Para tanto, ele implementou medidas de concessão de benefícios para casais com filhos, que inclui ajuda de custo na criação das crianças, preferência para vagas em creches, desconto em certos impostos, abonos salariais, entre outros. Esses benefícios crescem de acordo com a quantidade de filhos do casal, ou seja, quanto mais filhos, maiores os benefícios.
Abe também tem incentivado o empoderamento feminino. Essa medida visa promover tanto as mulheres em cargos políticos e de chefia em empresas, como também angariar mão de obra feminina no mercado de trabalho japonês.
No Japão, menos da metade das mulheres trabalham fora. Enquanto isso, cerca de 30% dos homens em idade de aposentadoria, na faixa etária a partir de 65 anos, continuam ativos em seus postos de trabalho, segundo dados do último censo populacional realizado pelo governo do país.
Do Mundo Nipo
Fontes: NHK World News | Jornal Asahi Shimbun | Kyodo News.
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