Dólar fecha quase estável após atingir máxima de R$ 2,76

A moeda americana já acumula alta de 2,06% nesta semana.

Do Mundo-Nipo com Agências

Depois de passar de R$ 2,76 na máxima da sessão nesta quinta-feira (5), o dólar mudou o rumo para fechar perto da estabilidade, sustentando-se perto das máximas em quase uma década alcançada na véspera diante de apreensão sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro e a sucessão na Petrobras.

A moeda norte-americana encerrou o dia com leve recuo de 0,02%, cotada a R$ 2,7415 na venda, após chegar a R$ 2,7625 na máxima da sessão e R$ 2,7220 na mínima do dia. Na véspera, o dólar fechou a R$ 2,7420, no maior valor desde 17 março de 2005. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro melhorou em relação ao dia anterior, ficando em torno de US$ 1,5 bilhão contra US$ 900 registrados na véspera.

No exterior, o dólar caía frente às principais divisas diante da recuperação do preço do petróleo, que operava em alta após a forte queda verificada ontem, enquanto investidores aguardam a divulgação do relatório de emprego (“payroll) nos Estados Unidos amanhã. O mercado externo também se manteve apreensivo diante das preocupações com o futuro da Grécia.

De acordo com a Agência Reuters, o premiê grego, Alexis Tsipras, prometeu nesta quinta-feira “colocar um fim de uma vez por todas” às política de austeridade impostas pela União Europeia e negociar de forma dura em favor de um novo acordo para a Grécia.

As declarações intensificaram as preocupações com o futuro do país na zona do euro, após o Banco Central Europeu (BCE) abruptamente deixar de aceitar na noite passada títulos gregos como garantias de empréstimos.

No Brasil, a deterioração dos fundamentos domésticos com a piora da perspectiva para o crescimento econômico, diante do risco iminente de racionamento de energia e do impacto da crise na Petrobras, tem abalado a confiança dos investidores no Brasil, reduzindo o efeito positivo das medidas de ajuste fiscal, conforme noticiou a Agência Valor Online.

As incertezas sobre a sucessão na diretoria da Petrobras, envolvida em esquema de corrupção bilionário, deixaram investidores cautelosos. Na quarta-feira, a presidente-executiva da empresa, Maria das Graças Foster, e mais cinco diretores renunciaram aos cargos.

Analistas acreditam que, mesmo com uma nova diretoria, a situação financeira da estatal não melhorará rapidamente. Muitos já preveem uma recessão da economia brasileira neste ano diante do risco de racionamento de energia no Brasil e de água no Estado de São Paulo. “O ano de 2015 mostra que vai ser pior do que se imaginava. A indefinição da situação da Petrobras [após a saída da presidente da estatal] pode se estender por mais tempo e há incerteza sobre o apoio político à aprovação das medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente”, afirmou ao ‘Valor’ o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Netto.

A Tendências prevê uma retração de 0,5% para o PIB neste ano, considerando um corte de 15% dos investimentos da Petrobras, mas pode rever para baixo caso se confirme o quadro de racionamento de energia.

A perspectiva de um crescimento ainda mais fraco da economia e o resultado fiscal pior que o esperado de 2014 trazem dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB estabelecida para este ano.

Para o analista Campos Netto, o racionamento de energia ainda não está refletido totalmente nos preços, dado que a curva de juros ainda se move na expectativa de continuidade do aperto monetário, mas a percepção de risco está mais acentuada.

A percepção de risco maior já se reflete no câmbio. A moeda americana acumula uma alta de 2,06% na semana, e está no maior nível desde março de 2005.

No caso do dólar, declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na semana trouxeram dúvidas sobre a continuidade das intervenções do Banco Central no câmbio, o que trouxe uma pressão adicional de alta da moeda americana.

“Como, até agora, o Banco Central não deu sinais de que pode atuar mais no câmbio, o mercado se sente à vontade para colocar o câmbio em patamares que acha mais apropriado”, disse à Reuters o operador de uma corretora internacional.

Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares, pelas intervenções diárias. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro  de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,1 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, já rolou cerca de 25% do lote total.

(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)

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