O economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Rintaro Tamaki, alertou o Japão para a falta de debate sobre desigualdade que, segundo ele, ocorre em um momento de aumento na diferença de renda no Japão, que surge como consequência das políticas do primeiro-ministro Shinzo Abe para impulsionar a inflação.
Ao retornar de uma viagem de Paris, Tamaki afirmou que não pode deixar de notar a diferença do debate público no Japão, onde a discussão está centrada no fortalecimento do crescimento, e na Europa, onde a desigualdade é um tópico constante de discussão.
Tamaki deu como exemplo o best seller recém lançado do economista francês Thomas Piketty, “O Capital no Século XXI”, que sequer está disponível em japonês.
O economista, que é ex-vice-ministro de finanças do Japão, também é vice-secretário-geral da OCDE. Ele estava em Tóquio para apresentar um relatório da OCDE sobre a crescente disparidade de renda entre os 34 países da organização.
Tamaki alertou que essa diferença de renda pode trazer consequências sérias, e lembrou que na Europa isso levou ao surgimento de partidos de extrema-direita. Ele apontou que companhias pequenas e não sindicalizadas do Japão mantêm o salário baixo, ao mesmo tempo em que as grandes empresas, a pedido de Abe, têm elevado os salários.
A desvalorização cambial, influenciada pelo banco central, também é motivo para o aumento na desigualdade. “O iene mais fraco permite que exportadores ganhem mais receita em iene pela mesma quantidade de vendas em dólar, enquanto mantêm os custos do trabalho constantes. O iene mais fraco simplesmente traz para baixo a porção dos salários nas vendas”, explicou.
Para o economista-chefe da OCDE, o Japão tem que atrair investimento e criar empregos por meio de um agressivo programa de desregulação.
Fonte: The Wall Street Journal
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