Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar avançou mais de 1% sobre o real nesta sexta-feira (6) e fechou na maior cotação em mais de uma década, sustentado por números fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos e refletindo a apreensão dos investidores com o futuro da Petrobras e com as mudanças na diretoria do Banco Central brasileiro.
A moeda norte-americana encerrou o dia com alta de 1,34%, cotada a R$ 2,7782 na venda, após atingir R$ 2,7852 na máxima da sessão. É o maior valor de fechamento desde 9 de dezembro de 2004, quando a moeda valia R$ 2,781.
Com o resultado de hoje, o dólar encerra a semana com valorização de 3,3%, mesma variação que acumula no mês. No ano, a moeda já acumula ganho de 4,49%.
Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro seguiu a tendência de baixo volume vistos durante toda a semana, ficando em torno de US$ 900 milhões.
No exterior, os números fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçaram as apostas de que os juros começarão a subir em meados do ano na maior economia do mundo.
A criação de empregos nos EUA acelerou de forma sólida e superou as expectativas do mercado no mês passado, enquanto a renda média mostrou forte recuperação.
O relatório sobre o emprego publicado nesta sexta-feira pelo Departamento de Trabalho mostraram que a taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu 0,1 ponto percentual em um mês, a 5,7%, após cair em dezembro. Em um mês, o número de desempregados no país voltou a subir 3,3%, o que representa cerca de 9 milhões de pessoas.
No entanto, a criação de empregos, calculada a partir de dados de empresas, mostraram um grande dinamismo e sinaliza de forma positiva para o futuro.
Em janeiro, a economia americana criou 257.000 postos de trabalho, muito acima dos 235.000 esperados pelos analistas.
A média dos últimos três meses é muito alta: 336.000 novos empregos criados mensalmente na maior economia mundial. O número supera a média de 2014, que foi considerada boa para os EUA.
O resultado jogou um balde de água fria sobre as apostas de que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, poderia elevar os juros mais tarde do que o esperado.
De acordo com a Agência Reuters, juros mais altos tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Esse movimento pode se intensificar se a nova composição do BC brasileiro realmente se traduzir em menos altas da Selic, como alguns investidores temem.
Mudanças na Petrobras e no Banco Central
No contexto brasileiro, o mercado avaliava a notícia de que o Conselho da Petrobras elegeu o então presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para o cargo de presidente-executivo da petroleira.
“O Bendine é uma pessoa muito identificada com a primeira gestão do governo Dilma. O BB foi absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão, e a Petrobras precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos”, disse à Reuters o sócio da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira.
A alta do dólar também foi impulsionada pela apreensão dos investidores com as mudanças na diretoria do Banco Central. Na avaliação de alguns analistas, a nova diretoria sinaliza uma política econômica menos conservadora no futuro.
O BC anunciou na véspera que Luiz Awazu substituirá Carlos Hamilton Araújo, de perfil mais conservador, na diretoria de Política Econômica, que naturalmente tem forte influência sobre a condução da política econômica. Awazu acumulava as diretorias de Assuntos Internacionais e de Regulação.
“A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida, mais tolerante”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, à Reuters.
Atuações do Banco Central no câmbio
A autoridade monetária brasileira realiza leilões diários de contratos de swap cambial. Isso equivale a vender dólares no futuro. Agora, em vez de os investidores comprarem dólares agora, ficam com um papel, que garante um preço predeterminado mais para a frente. Com a compra de papel no lugar do dólar, a moeda tem menos procura agora e tende a cair de valor.
Nesta manhã, o BC deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de até 2 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30% do lote total.
(Com informações das Agências Reuters e AFP)
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