O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, se tornou o primeiro líder de uma nação membro do Grupo dos Sete (G7) a reunir-se com o presidente russo, Vladimir Putin, em um formato bilateral após mais de dois anos de isolamento de Moscou pelo conflito envolvendo a Crimeia. Segundo a agência de notícias norte-americana ‘Bloomberg’, Abe criou um precedente perigoso para Washington em vista de que ignorou o apelo do presidente americano Barack Obama para cancelar a sua visita à Rússia, que ocorreu na última sexta-feira.
Segundo Aleksandr Baunov, especialista do Centro Carnegie de Moscou, o Japão, um aliado dos Estados Unidos na região da Ásia-Pacífico, “é um país que não tem amigos na sua própria região, portanto, relações com a Rússia são muito importantes para ele [Shinzo Abe]”, de acordo com a ‘Bloomberg’.
“O Japão não é apenas nosso vizinho, é também um parceiro bastante importante na região Ásia-Pacífico”, declarou o líder Russo Vladimir Putin logo após o encontro com Abe em Sochi, no extremo sul da Rússia.
Esta é a primeira visita à Rússia do primeiro-ministro japonês desde que assistiu na mesma cidade à abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro de 2014.
As relações entre os dois países têm sido tensas por conta de uma disputa envolvendo quatro ilhas do arquipélago denominado Curilas pelos russos e Territórios do Norte pelos japoneses. Moscou tem o controle delas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, cuja soberania tem sido reivindicada por Tóquio, o que tem impedido os dois países de assinarem um tratado de paz até agora.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, assistiu às conversações entre os dois chefes de Estados e afirmou que foi abordado “o problema do tratado de paz”. Contudo, ele não deu detalhes sobre as conversações, mas acrescentou que será realizada uma nova rodada de negociações em julho, o que foi confirmado pelo próprio premiê japonês mais tarde.
“Eu tenho a sensação de que estamos nos movendo em direção a um avanço nas negociações para alcançar o tratado de paz”, disse Abe a repórteres após sua reunião de três horas com Putin em Sochi, de acordo com agência japonesa ‘Kyodo’.
“Nós concordamos em resolver o problema do tratado de paz” afirmou ele, acrescentando que “o acordo virá à medida que os dois países busquem construir uma relação orientada para o futuro”.
“Vamos prosseguir com as negociações usando uma nova abordagem, livre de quaisquer idéias passadas [disputas]”, disse Abe, sem oferecer mais detalhes, segundo a ‘Kyodo’.
Contudo, o analista Baunov salientou que Abe não é tão ingênuo para esperar a solução rápida do problema envolvendo as ilhas em disputa, mas ele está pronto para incentivar o fluxo de investimentos japoneses e empréstimos à Federação da Rússia para competir com a China, conforme noticiou a agência ‘Bloomberg’.
A visita à Rússia encerrou com o tour de uma semana feito pelo premiê japonês à Europa, cujo objetivo foi reunir-se com líderes europeus antes da cúpula do Grupo dos Sete (G7), que ocorrerá no final deste mês no Japão. Abe esteve na Itália, França, Bélgica, Alemanha e Reino Unido. Ele se encontrou com os líderes dessas nações e se reuniu ainda com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
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