Do Mundo-Nipo
A empresa japonesa Hitachi disse que pretende expandir sua atuação no Brasil para alcançar faturamento de US$ 1,5 bilhão até 2015, informou o jornal Nikkei.
A meta agressiva é em resposta a receita no Brasil em 2012, que foi de apenas US$ 370 milhões. Mas, apesar do baixo faturamento, a empresa tem demonstrado uma grande disposição para ampliar seus negócios no País. Uma prova disso é a abertura de um centro de pesquisa e desenvolvimento, em São Paulo, anunciada nesta semana pela empresa.
O objetivo da companhia é encurtar a distância que separa a matriz, em Tóquio, da unidade no Brasil, a fim de estimular a criação de produtos inovadores no País. Apesar de ser lembrada como marca de televisor, a Hitachi é uma holding detentora de 963 companhias espalhadas pelo mundo.
Os segmentos de negócios da Hitachi são tantos, que torna difícil especificar todos os segmentos que o grupo atua. Foi necessária uma apresentação de 12 slides para Shigeru Azuhata, vice-presidente executivo da companhia, explicar as dez áreas em que a empresa atua.
A companhia fabrica desde reatores nucleares até secadores de cabelo. No Japão, ela tem até um time de futebol, o Kashiwa Reysol, que jogou contra o Santos em 2011 – quando perdeu para o time paulista por 3 a 1. No Brasil, ela patrocina a Ponte Preta, clube de Campinas.
O mercado de ar condicionado é o mais importante no país. A empresa, sob o nome Hitachi Ar Condicionado do Brasil, tem uma fábrica em Manaus e outra em São José dos Campos.
A companhia também armazena dados de bancos e operadoras de telefonia na Hitachi Data Systems, em Hortolândia, e fabrica escavadeiras em Indaiatuba. Além disso, 2/3 da água que abastece a cidade de São Paulo vêm de três bombas da Hitachi.
O objetivo agora é atacar também a agricultura e a mineração. Azuhata disse que o laboratório de pesquisa inaugurado no Brasil analisará conjuntos de big data (grande volume de dados) nessas áreas para desenvolver tecnologias que tornem as atividades do campo mais eficientes.
A Agrícola Xingu já faz uso dos estudos feitos pela Hitachi. A japonesa analisa imagens via satélite de uma plantação de soja para checar as condições do solo e planejar melhor a colheita.
A expectativa da Hitachi é de que estudos como esse sejam desenvolvidos no Brasil, principalmente em parceria com universidades. A companhia já avalia propostas de pesquisas com a Unicamp.
Para a abertura do laboratório na cidade de São Paulo, a Hitachi usará parte dos US$ 300 milhões que a holding vai investir no País até 2015. A Hitachi tem laboratórios no Japão, na China, na Europa e nos Estados Unidos. Anualmente, 4% de seu faturamento global é destinado para pesquisas e desenvolvimento.
“O Brasil tem muitos recursos naturais, vasta área a ser explorada (na agricultura). Ainda tem um potencial enorme. O Japão tem 70% do país coberto por montanhas”, disse Azuhata, em referência à área disponível para a agricultura.
Atualmente, cerca de 60% do faturamento da Hitachi provem do Japão. O resto é proveniente dos outros países. Mas a empresa quer reverter isso, e o Brasil desponta como um dos países-chave nessa nova estratégia.
É por isso que a empresa quer recuperar a lembrança na mente dos brasileiros. Os rádios Philco-Hitachi deixaram de existir no início dos anos 90, quando a parceria foi desfeita. Agora, a Hitachi iniciou uma campanha publicitária para mostrar como ela está, ainda que indiretamente, presente no dia a dia do País.
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