Em discurso, imperador do Japão sugere intenção de abdicar

Akihito não disse diretamente que deseja abdicar, mas afirmou que enfrenta muitas limitações físicas.
Imperador Akihito discursa em cadeia nacional 08 08 2016 900x600 02 min
A Constituição japonesa não prevê abdicação e impede que o imperador se manifeste de forma direta sobre intenção de abdicar (Foto: Reprodução/Asahi)

Em discurso transmitido em cadeia nacional nesta segunda-feira (8), o segundo desde que chegou ao trono, em 1989, o imperador do Japão, Akihito, não disse diretamente que deseja abdicar, mas afirmou que enfrenta “muitas limitações” por causa da idade avançada e do seu estado de saúde.

A Constituição japonesa não prevê abdicação e impede que o imperador se manifeste sobre temas políticos, portanto, uma referência explícita à abdicação poderia ser entendida como uma violação dessa regra.

“Estou preocupado que comece a ficar difícil para mim continuar a assumir minhas responsabilidades como símbolo do Estado, tal como fiz até agora”, disse Akihito, de 82 anos. “Depois de duas operações cirúrgicas e por causa da minha idade avançada, comecei a sentir um declínio no meu estado físico”, afirmou o imperador, acrescentando que “não é possível continuar a reduzir perpetuamente” as tarefas que desempenha.

Esta foi a segunda declaração à nação de Akihito. A primeira ocorreu algumas horas depois do acidente nuclear em Fukushima, em 11 de março de 2011.

Nos últimos anos, o imperador começou a delegar a seu filho mais velho, o príncipe herdeiro Naruhito, algumas obrigações de sua agenda. Naruhito, de 56 anos, tem uma filha. Na fila de sucessão vêm, logo em seguida, o irmão de Naruhito, Akishino, e Hisahito, de 9 anos, filho de Akishino. Apenas homens podem herdar o trono japonês.

De acordo com a Constituição japonesa, que entrou em vigor após o fim da Segunda Guerra Mundial, o imperador desempenha “funções de representação do Estado” e é “o símbolo da nação e da unidade do povo”.

Para satisfazer a vontade de Akihito será necessária uma revisão do texto. O primeiro-ministro Shinzo Abe disse considerar essa possibilidade. “Temos que pensar cuidadosamente no que podemos fazer para atender às suas preocupações, considerando a idade do imperador e a carga de obrigações oficiais”, disse Abe.

Uma possibilidade seria uma lei específica para o caso de Akihito, permitindo apenas a abdicação dele.

Uma pesquisa divulgada na semana passada indicou que 85% dos japoneses são a favor de uma mudança legal que permita a abdicação. Há ainda um grande número de japoneses que são favoráveis a uma interpretação na lei que impede mulheres de herdar o trono japonês, denominado Trono do Crisântemo.

Fontes: NHK News | The Asahi Shimbun | Agência AFP.


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